quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Dramas

Eu não me considero uma daquelas mães chorosas e preocupadíssimas com as suas crias. Sou atenta, sou cuidadosa, há coisas que me fazem espécie, mas há outras com as quais convivo de forma saudável. Já não me assusto com uma febre, consigo gerir bem a coisa com benurons e miminhos. Nem tenho medo de perguntar, seja a amigos, conhecidos, pediatra ou saúde 24.
Também tenho noção de que a Bárbara, tal como as outras crianças, passa e continuará a passar por várias fases. Como disse no outro dia, agora estamos na fase do terror do banho. Se não toma de uma maneira, toma de outra, é pacífico.
O problema é que também andamos na fase do terror de medir a temperatura, seja no rabinho, seja debaixo do braço, no terror de meter um supositório, gotas nos olhos, soro no nariz, and so on, and so on.
Ora, como também já disse, a Bárbara veio doente das férias. Então imaginem a seguinte cena dos infernos, antes de dormir. Dispo-a, risinhos, beijinhos e canções, tiro a fralda, lá se vira toda atrás de um toalhete, pijama, chupeta, tudo o que esteja ao alcance. Mal vê o termómetro, começa a torcer-se toda e se lhe prendo as pernitas é que está o caldo entornado. Ok, pronto, pronto, vamos cá tentar debaixo do braço, la, la, la, vem ao colinho da mamã, la la la, pronto, caldo entornado. É um berreiro, e a porcaria do termómetro que nunca mais apita. Lá se digna, e se houver febre, pronto, está outra vez o caldo entornado. Benuron, la la la, olha que caixinha tão gira, deixa a mamã pôr o benuron, sim, pequenina? Não, ela não deixa. Chora como se não houvesse amanhã. Ponho a fralda, com ela aos prantos, colinho, colinho, beijinho, vês?, já passou. Passamos então à fase ainda mais terrível das terríveis. Soro fisiológico, ela acha um piadão ao frasquinho mas é para o meter na boca, agora nos olhos, vistezio. Mal lhe derramo uma gota, pronto. Caldo entornado. Depois as compressas, com ela já vermelha a sufocar. Pronto, passou passou. Pego nas gotas propriamente ditas, o colírio. Não adivinham? Pois, caldo entornado. Com aquele pranto todo, tenho sérias dúvidas que as gotas consigam entrar nos olhos para tratar a conjuntivite. 
Ora, esta cena passada uma, duas ou três vezes, aguenta-se. Mas já andamos nisto vai para três dias e hoje quem quase chorava era eu. Partiu-se-me o coração vê-la assim, cheia de sono, encolhidinha e quente, com lágrimas gordas a correr naquela cara linda. E é que nem vos conto as coisas terríveis que me passam pela cabeça. Parece que todo o meu sangue frio desaparece e já antecipo cenas catastróficas a meterem internamento. Bolas. Só penso, só peço para que nunca passe disto.
Depois de ter tratado dela, e sentir que a torturei, deitei-a na minha cama. Mal peguei na chupeta, abriu a boca sôfrega de conforto, pôs o braço dela por cima do meu pescoço, encostou a testa dela na minha, deu duas ou três chuchadelas mais fortes e adormeceu. Hoje fica lá, no nosso meio, a dormir protegida, pele com pele. E amanhã, se Deus quiser, há-de acordar melhor, a minha pequenina, meu amor, minha cuquinha.

3 comentários :

  1. Oh linda...há fases assim...parece que se junta tudo ao mesmo tempo...mas nós somos mais fortes e não podemos deixar a paciência esgotar!É o que eu costumo dizer...o corpo e a mente das mães vão arranjar forças ao fim do mundo e fazemos "trinta por uma linha" para vermos os nossos tesouros bem e tranquilizarmos a nossa consciência de que fizemos o possível e impossível para esse bem-estar dos piolhitos! Tudo de bom para vocês e que a Princesa recupere rápido, rápido! Bjocas :)

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  2. As melhoras para a B. Beijinho grande para ela e também para ti Sara!

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