sábado, 31 de maio de 2014

30 de Maio

Se o meu avô fosse vivo faria hoje 87 anos. Há quase 9 recebi um telefonema da minha mãe, que me disse com todo o cuidado que conseguiu ter: "o avô morreu". Não chorei logo, não acreditei. Depois pensei no seu sorriso, nunca mais iria vê-lo, e na voz, a voz rouca e baixinha. E percebi que nunca mais voltaria a ouvi-la. Nunca mais ele ia aquecer-me as mãos com as suas mãos, com o seu hálito. Nunca mais me iria dizer que o amigo dele, o que era artista, não tinha dinheiro para comprar meias. E pensei, o meu avô era a primeira pessoa verdadeiramente importante que me morria.
Desde esse dia nunca mais parei de ter saudades dele, de pensar como seria se ele tivesse conhecido as minhas filhas. Ele ia gostar tanto delas, mimá-las tanto.
Hoje, no aniversário do seu nascimento lembro-me da última vez que lhe cantámos os parabéns, em como se emocionou. Como se soubesse. E se calhar sabia. Eu é que nunca imaginei. 
Parabéns avô. Olha por nós, daí do céu.

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Parabéns Babá!

Hoje fazes 3 anos, bebé. Às vezes ainda te chamo bebé e tu dizes que não és bebé nada, és crescida. Outras vezes queres ser pequenina e dizes "eu agora sou pequenina, pois é mamã?", e queres colo e miminhos. Há 3 anos soube o que era amor instantâneo, no meio de mil e um sentimentos, peguei em ti para nunca mais te largar. Há 3 anos eras uma bebé terna e linda e hoje és uma menina cheia de sensibilidade, cheia de luz. Orgulho-me de ser tua mãe. Parabéns bebé. A mãe ama-te muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito. 





quarta-feira, 21 de maio de 2014

Slumber party sem a party

Acho que em todas as casas, sobretudo aquelas onde há filhos pequenos existem destes dramas, as noites sem dormir. Esta noite foi uma verdadeira slumber party. A Teresa quis mamar de três em três horas, coisa que não acontecia desde que ela tinha um mês. Eu tive a brilhante ideia de ir ao ginásio à noite, muito em cima da hora de deitar e isso costuma afectar o meu descanso. E afectou. A Bárbara acordou com fome, com vontade de conversar e foram duas horas até que voltasse a adormecer, e isto tem-se repetido nas últimas semanas. E é-de-loucos.
Muitas vezes me perguntam como é que ela reage à irmã e eu digo que reage bem. É para mim a resposta mais fácil, a mais sucinta, a mais desejável. Na verdade a Bárbara gosta da irmã, é meiga e cuidadosa. Mas também é sensível e percebe, e muito mais agora que tem ficado em casa, o tempo que dedico a cuidar da irmã, mesmo que a envolva muitas vezes nesses cuidados. Julgo que dentro dela há muitas preocupações, se ainda é pequenina, se é crescida, se mantém o seu lugar, se continua a ser especial. Sinto que estas insónias, que se têm repetido mais do que o desejável, não têm a ver com as maleitas que tem sofrido, mas sim com o medo e a insegurança que sente pelo aumento da família. Dormir é, como diz o Dr. Mário Cordeiro, deixar de estar a par das situações, deixar de ter controlo sobre o que se passa. Ela acorda e quer comer e quer falar e isso para mim diz muito. Ela não quer desligar. 
A par desta análise vem sempre a grande dúvida. Estamos a proceder bem? Penso em mil e uma formas de minimizar o impacto que a irmã mais nova causou, mas não será apenas uma questão de deixar correr naturalmente, deixá-la digerir esta nova situação e sentir com o tempo que é e há-de ser sempre especial?
Mandar a culpa às urtigas, acabar com o sentimento de que se tem de eliminar toda e qualquer angústia que os nossos filhos possam sentir e perceber que todos estes processos são naturais e até desejáveis. Aceitar que os primeiros tempos de alguma coisa são sempre instáveis, mas é a forma como os acolhemos que vai determinar o futuro. Dar tempo ao tempo. E confiar na vida. Isso é o mais difícil, mas tenho a certeza que será de longe, o mais gratificante.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Mãe polvo

Nós mães, queremos dias de 30 horas, mais dois pares de braços, e mesmo assim nunca conseguiríamos sentir-nos totalmente satisfeitas, apesar de irmos pelo centro comercial com a criança numa mão, o carrinho de bebé carregado com o saco das fraldas, o saco das compras, a carteira, o casaco na outra, e sabermos sempre do telemóvel, da chupeta e da chave do carro. Apesar de serem horas de fazer o jantar e fazermos a nossa filha feliz porque estamos no chão do quarto a fazer puzzles, a contar 4 vezes o "Coração de Mãe", e 6 vezes a história da Branca de Neve, enquanto entretemos a mais nova na espreguiçadeira, que palra e ri e palra e ri. Apesar dos malabarismos com horas de deitar, de amamentar, de tentar parar, um minuto que seja, só para ir num instantinho à casa-de-banho. 
Nós mães, queremos dias de 30 horas e mais dois pares de braços e nunca estamos satisfeitas, porque nos esquecemos do coração gigante que nos bate no peito. E é isso que tudo move.           

terça-feira, 6 de maio de 2014

3 meses

Eu queria escrever algo de verdadeiramente iluminado sobre os 3 meses de vida da Teresa. 
Mas a única coisa que me importa, a única coisa em que penso neste momento, é em como estou perdidamente apaixonada por ela. Por elas. Por ser mãe.

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Ficar em casa

Neste fim-de-semana prolongado prometi a mim mesma que iremos ficar mais por casa, apesar do sol lá fora, apesar do mar que apetece ver. É mesmo importante este recato, não só por tudo o que tenho que pôr em ordem, mas para a Bárbara descansar e recuperar da pneumonia que ainda não a largou. 
Contudo, depois da sesta das miúdas tivemos que ir dar um passeio rápido. Muitas vezes penso que se vivesse numa casa, e não num apartamento, bastar-nos-ia ir ao jardim e desanuviar. Ou não. Mas assim temos mesmo que pegar em tudo e sair. A mim custa-me sempre voltar e ficar de novo limitada num T2. Mas é a vida, como diz o meu homem "é o que há", e a verdade é que sair hoje fez-nos bem e ainda ganhei uma flor amarela.