quinta-feira, 10 de abril de 2014

E o que acontece quando percebemos que não somos perfeitas?

Deixei a Teresinha um par de horas com a minha mãe para poder dar um jeito às coisas. Mal entrei em casa sentei-me aqui. Preguiça? Não. É que precisava mesmo de parar para pensar. Here goes nothing.

Apesar de o caos estar definitivamente instalado na minha casa, felizmente não o posso dizer da nossa vida porque já temos as nossas rotinas de família de quatro instaladas, mesmo que delas façam parte momentos em que duas crianças choram (aos berros) ao mesmo tempo. E nisto já nos vamos sentindo à vontade. Embora às vezes sinta que não controlo rigorosamente nada, nem um único minuto do meu dia, a realidade é outra. A tábua de engomar instalada no meio da sala continua a ser incomodativa, irritante até. Mas se nessa mesma sala conseguir sentar-me por algum tempo a brincar com a Bárbara, a falar com ela, se na parte do sofá que não está ocupada por roupas/fraldas/toalhitas/mantinhas e chupetas, conseguir deter-me com a Teresinha, ou a falar com o meu homem, julgo que o mais importante está feito. Por outro lado, é-me muito difícil engolir este sapo: não ser capaz de tudo. De ir para a cama com a cozinha a brilhar, de nunca ver um grão de pó. Mas há que ver mais além. Há uma vida para viver, uma família para cuidar. E de mim. O mais difícil é sempre o equilíbrio, digo-o sempre, mas não é que o reconheça verdadeiramente. Passar tempo com a minha família, ou a descansar não faz de mim uma preguiçosa, assim como ter a casa impecável não faz de mim uma boa mãe ou mulher. Não se o facto de não o conseguir me deixar de semblante carregado e mal humorada e indiponível. Tenho que dar a mão à palmatória. Se fosse eu (e não o meu marido) a chegar a casa e dar com uma pessoa no auge da impaciência, incapaz de esboçar um sorriso, sempre aflita e amargurada com as lides domésticas, eu só quereria dar meia volta e sair pela mesma porta por onde entrei. 
E depois, tudo isto é de uma pessoa narrow minded. A casa, a casa, a casa, A CASA, pelo amor da santa, que se lixe a casa. É, eu farto-me de mim própria. O meu homem diz-me às vezes "Sai dessa!" e é mesmo isso que eu quero fazer. Pelo meu bem, pelo dele e pelo das minhas ricas filhas. Eu sei que a minha família e os meus amigos, aqueles que o são verdadeiramente, vêm cá a casa jantar na mesma e não se importam com as migalhas no chão, ou com os brinquedos espalhados. Ainda que eu me importe, por vezes (ok, sempre) demais. Talvez esteja na hora de realmente perceber a coisa: tenho duas filhas pequenas, não tenho empregada (nem irei ter tão cedo) e tenho uma vida para viver. Uma que de preferência não seja passada a dramatizar com panos de cozinha.

2 comentários :

  1. been there!! e só tenho um filho a desarrumar! e tenho mulher-a-dias, duas manhãs por semana... o meu marido diz-me a mesma coisa e eu só penso: "que merda, porque raio temos que ser tão complicadas e não conseguir deixar nenhum dos pratos, neste equilibrismo esquizofrénico!"

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  2. Também preciso de desligar da casa mas é difícil...

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