quarta-feira, 19 de março de 2014

Os meus vizinhos

O meu sogro, que vive na aldeia, pergunta-nos muitas vezes se já conhecemos os nossos vizinhos. A resposta é sempre a mesma, não. Vivemos num prédio e mal nos cruzamos com as outras pessoas. Conhecemos de vista, já sabemos mais ou menos quem vive em que andar, mas não sabemos nomes, idades, nem o que fazem na vida. Estive grávida e em 7 ou 8 meses nunca me cruzei com a vizinha da frente, a não ser na véspera do nascimento da Teresinha. Podem imaginar o choque da senhora. 
Há poucos meses o meu homem bateu com o carro dele no da vizinha do andar de baixo. E ficamos a conhecer o casal do segundo andar. Ontem, ela tocou-me à campainha, vinha aflitíssima, sem conseguir falar, ofegante. Ficou fechada do lado de fora da porta, sem chave, sem telemóvel, e com o filho de 10 meses dentro de casa. A minha mãe estava em casa comigo e com as meninas, por isso pude ajudar logo, dei-lhe o meu telemóvel, fomos à porta tentar acalmar o menino e chamámos os bombeiros. Ela estava nervosíssima, em pânico, e eu sem saber o que fazer para ajudar, sem ser estar ali, fazer chamadas, passar um copo de água. Mas não podia fazer mais nada. Depois chegaram os vizinhos do rés-do-chão, depois o senhor do primeiro andar, que é polícia. E finalmente, os bombeiros. E o INEM. E a polícia! Foi aparatoso, foi assustador. À noite a vizinha, já mais calma, veio agradecer-me e disse-me que estava ali para o que eu precisasse. Apreciei o gesto, mas ainda mais saber que vivem no meu prédio boas pessoas, simpáticas e voluntariosas. Não soube os nomes de todos, mas foi um começo e só foi pena ter sido naquelas circunstâncias. E o meu sogro vai gostar de saber desta história, de como conheci mais de metade dos meus vizinhos, e que estamos bem acompanhados aqui, na tão grande e estranha cidade.  

1 comentário :

  1. Que situação mais assustadora!
    Realmente é um previlégio ter bons vizinhos, numa aflição são eles que estão ali e quem nos pode valer.
    Eu conheço todos os meus vizinhos, todos de apenas bom dia/boa tarde à excepção dos vizinhos da frente. São daqueles a quem posso pedir um ovo ou um pacote de leite se acabar. Talvez por terem uma filha com uma idade próxima das minhas tenha facilitado a aproximação. É rara a semana em que as meninas não brinquem juntas, seja em nossa casa seja na deles. Já me "obrigaram" a jantar com eles quando se aperceberam que eu estava sozinha e já lhes toquei à campaínha quando precisei de ajuda.
    Parece que não mas é uma sensação de segurança saber que não estamos isolados, que podemos contar com alguém.
    Pelo menos esse episódio serviu para perceberes isso, que estás rodeada de gente que não se inibe de ajudar.

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