domingo, 23 de novembro de 2014

Minha filha Bárbara

Eram 5 da manhã quando ela chamou. Não estranhei porque ou uma ou outra, por um motivo ou por outro têm acordado a essa hora. Mas era para vomitar. Passei as 4 horas seguintes a correr para a casa de banho com ela, a segurar-lhe o cabelo, a pôr-lhe a mão na testa, a acalmá-la. E quando percebi que nem a água segurava na barriga fomos ao médico. Em princípio seria uma gastroenterite. Já havia alguma desidratação, por isso devíamos vigiar e se não houvesse melhoras, hospital. 

Não melhorou e à tarde levei-a à urgência pediátrica. Perdi a conta às vezes que parei pelo caminho, e comecei a ficar mesmo preocupada, já a acreditar que ela ia ficar a soro. Na sala de espera havia muita gente. Curioso. Era uma sexta à tarde e havia muitos miúdos de braço ao peito ou em cadeira de rodas, magoados nos pés, nas pernas. À noite vêem-se mais crianças febris ou com problemas respiratórios. Enfim. Não ficou em observação, mas a consulta foi bastante demorada, cuidada e já voltamos tarde para casa. Ela ainda com febre e dores de barriga, eu exausta, agastada com tanto que corri, tanto colo que dei, de tanto que tive que vê-la em sofrimento. 

Estou cada vez mais convencida de que uma boa noite de sono terá alguns poderes curativos, e a verdade é que depois de umas largas horas de sono, ela acordou bem disposta, a querer brincar, a falar alto. Fiquei aliviada. Não parecia nem de perto a Bárbara de há 12 horas atrás, de olhos fundos, de ar abatido e frágil. 

Deitou-se connosco na cama. A Teresinha já estava no nosso meio há um par de horas. Falamos do dia anterior, de como tinha sido duro. Ela encostou-se a mim e eu dei-lhe um beijo na cabeça. Então ela disse-me bem devagar, de voz firme e crescida, como quem fala muito a sério, "obrigada mãe, por teres ido comigo ao médico e ao hospital". Não aguentei e chorei. Não sei como semelhantes palavras saíram daquela boca, mas encheram-me de orgulho. Se há adultos que não o dizem, muito menos com aquela simplicidade. Fiquei desarmada, emocionada, felicíssima. Estamos a ir bem, é nestas alturas que mo mostras. És uma grande menina, minha querida filha Bárbara. E eu adoro ser tua mãe.



5 comentários :

  1. Tão querida :)) Espero que esteja melhor... Tivémos um cenário idêntico por aqui: uma noite inteira a vomitar. Mas hoje já parece melhor :)

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  2. oh! :)
    Sabe que os filhos têm como modelo os pais, não sabe? É isso.

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