quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Deixem sentar a senhora grávida!

Se há coisa que me deixa com comichão é estar na fila do supermercado com a minha filha ao colo, para comprar um pacote de queijo ralado e quatro iogurtes, e ter uma chata atrás de mim a moer-me a paciência para eu ter prioridade "Mimimimimimi, porque tem uma bebé ao colo", "mimimimimimimi, porque as pessoas não enxergam", "mimimimimimimi, porque já não há educação". E se eu explico que estou bem, que deixe estar, olham-me como se fosse a maior bocó à face da terra.
Ok, a caixa prioritária não estava aberta. Mas eu não levo a B. ao colo para ter prioridade. Eu levo-a porque gosto que ela vá comigo, porque quero, porque não vou tirar um carrinho com mini cadeira só para comprar duas coisas. Porque estou confortável, as minhas costas ainda aguentam e porque consigo fazer tudo só com uma mão.
Era a mesma coisa quando eu estava grávida. Muito grávida, diga-se. Entrava no metro e ouvia logo um "deixem sentar esta senhora grávida!", de alguém que ia de pé, obviamente. Claro que se eu andasse só duas paragens, não aceitava o lugar. Dava-me mais trabalho sentar e levantar do que ficar de pé, bem segura.
Mas não pensem que não sei fazer uso dos meus direitos. Sei. E quando precisei, usufruí. Quando estava de quase 9 meses e já não me aguentava das pernas, agradeci a prioridade no supermercado. Agradeci o lugar no metro, agradeci que me abrissem portas, que me dessem a vez.
Quando a minha filha era bebé e tive que tratar de burocracias, agradeci a fila prioritária, para a sujeitar o mínimo possível a espaços com muita gente. 
E acho que cada pessoa sabe o que aguenta. Uma mulher grávida, de 10, 11, 12 semanas, ainda com pouca ou nenhuma barriga pede prioridade e a maior parte das pessoas pensa que é esquisitice e até chegam a duvidar. Mas só ela sabe se tem dores, ou se tem algum factor de risco. 
Disto tudo o que é que eu tiro? Que atitudes como as da mulher do super, nada têm de altruísta. São formas de expelir raivinhas. Acho estas pessoas muito irritantes. Estão ali simplesmente a querer prevaricar, tamanha é a agressividade com que exigem que me deixem passar à frente. Teria ela tanto empenho, se estivesse à minha frente na fila? Teriam as pessoas do metro a mesma atitude se fossem sentadas? Não sei. Que me lembre, nunca aconteceu.

2 comentários :

  1. Eu acho que quem se mete numa fila de supermercado prioritária, tem que deixar passar todas as pessoas prioritárias, mesmo que estas sejam grávidas com poucas semanas. Não acho nada abusivo, vou te ser muito franca.
    beijinhos

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  2. Amigos das onze horas, eu não disse que achava abusivo, muito pelo contrário, a caixa prioritária é para as pessoas que dela necessitam e eu nunca vi um letreiro a dizer "caixa prioritária para grávidas a partir das 23 semanas ou com barrigas de diâmetro superior a 1 metro".
    O que eu quis dizer é que as pessoas são muito rápidas a julgar e a impor as suas próprias regras. Ou porque acham que uma grávida de 10 semanas não tem direito à caixa prioritária porque nem se nota a barriga, ou porque acham que toda a gente tem que abrir caminho a uma de 40 semanas porque "acham" que é o melhor para ela. É disso que falo. Mas isto dá pano para mangas, em certos supermercados as caixas prioritárias são as mais concorridas e não é por grávidas, nem acompanhantes de crianças de colo, nem por pessoas de mobilidade reduzida.

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