Pela primeira vez desde que a B. começou a caminhar com mais segurança, fomos a um centro comercial e deixamo-la andar livremente. Quando digo livremente entenda-se que íamos atrás, a uma distância segura. Ela deu a volta ao bar redondo, disse adeus à funcionária, entrou na Lion of Porches, disse olá à funcionária, entrou na Adidas, pegou nuns mini ténis, entrou na Massimo Dutti e saiu, ficou especada a olhar para os ecrãs com as paisagens zen do corredor, depois foi checkar as máquinas de multibanco, as plantas, entrou numa ouriversaria, pelo meio corria para alguém a rir, depois foi ver as filas do cinema, tentou roubar uma pipoca a uma senhora que tinha um balde cheio pousado no banco, disse olá a uma família de três, sorriu para a filha adolescente e abraçaram-se as duas, tão felizes.
Eu e o pai sempre um bocadinho atrás, e de vez em quando pensava comigo que ela é pequenina, não sabe andar no meio de tanta gente estranha. Mas, na verdade, as pessoas não estão habituadas a ser abordadas desta maneira, por uma criança com um grande sorriso na cara, sempre pronta a dizer olá, a dar um abraço, a atirar um beijo. É assim a minha filha. Não fui eu que lhe ensinei, nem sei se o herdou de nós. É dela. Gosto de pensar que lhe damos segurança para ela se afastar, que se sente protegida apesar da distância. Mas é dela ser de bem com a vida.
E eu quero que ela seja sempre, sempre, sempre assim.
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