Quem achar que ensinar os bebés a dormir não é importante, ou não vive com eles, ou tem os dias inteiros para se arrastar pela casa aos caídos. Como eu estou.
A virose da Bárbara fez com que lhe déssemos cuidados redobrados e muitos mimos. Desta vez não caímos no erro de a levar para a nossa cama, mas mesmo assim o sono dela está a ressentir-se daqueles dias em que passou muito tempo no nosso colo ou, porque a febre o exigia, a dormir sestas fora de horas. Está cheia de mimo, a garota.
E agora vai de acordar durante a noite, a reclamar. Nada de choro, mas aquele resmungo que dura horas e horas e não nos deixa pegar no sono. Até que vou lá. Não lhe falo, não rio, nem vou com "cutchi-cutchi", mas tento aconchegá-la na cama. Tapá-la é mentira. Levanta a perna em jeito de "you shall not pass!", e ficam os edredons numa rodilha, ao fundo da cama. É nestas alturas que me dá o desânimo. Ficar ali especada à espera que sua excelência se digne a voltar a dormir, é pedir demais ao meu pobre corpo a precisar de descanso. Se me for embora, fica o caldo entornado. Eu sabia que isto ia acontecer, mas tem que se ter uma paciência de santo.
A coisa estava ali no chove e não molha até que o pai se chateou e foi lá oferecer duas palmadas. Mandei-o dormir, que o mal dele era sono. Mas aquilo assustou a pequena, e berrou tanto tanto (não as levou, o que faria se as levasse) que depois lá acalmou quando peguei no "Sapo e a Pata" e encostei nas grades da cama. Dormir com um livro é estranho. Mas se lhe dá segurança, não sou eu que me vou importar. Lá me deixou aconchegar-lhe a roupa, e foi fechando os olhos, mas de vez em quando tinha que checkar se eu lá estava. Até que entrou naquela ronha em que eu acho que já quer lá saber, e eu voltei para a cama. Às seis e meia da manhã, senhores. Escusado será dizer que estou um trapo. Apetece-me tanto enfiar-me outra vez na cama, mas duvido que adormecesse, tal seria o peso na consciência. Anyway, o que eu acho é que, se a criança da casa não dormir bem, nada funciona. Falta a energia, falta a boa disposição, concentração, acho que nem litros de cafeína restituem isto. A casa descarrila, a família também.
Desde que a B. começou a adormecer sozinha na cama à noite, eu e o meu marido ganhámos um tempo de qualidade incrível. Deitamo-la, arrumamos a cozinha ou fazemos outras tarefas, vemos televisão, trabalhamos se for preciso.
Um destes dias ela fez a tal resistência, adormeceu perto da meia-noite, e deixou-nos desgastados, cansados e sem paciência. E dantes era sempre assim.
Se eu um dia tiver outro filho, hei-de educá-lo para dormir desde o primeiro dia. Rotinas de sono à nascença. Para bem dele. Para bem de nós. E ora porque não, para bem da paz mundial.
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