Foi ontem. Passei o dia exausta, mais uma vez, com zero capacidade de concentração. Tive a ideia de fazer um programa a dois com o marido. Brilhante. Com paginações para fazer, projectos para pegar, casa em pantanas. Deixar a pequena em casa dos avós. Mas precisava urgentemente de qualquer coisa que me trouxesse de volta, que tenho andado fora de mim. Entretanto recebi uma excelente notícia que pode melhorar muito o nosso
futuro, e achei que ainda era mais um motivo para manter os
planos. Mas lá veio outra vez a culpa do costume. A ideia de deixar a B. dormir fora fazia-me sentir que estava a despachá-la. Por outro lado, se não descansasse, por uma noite que fosse, ia ficar ainda mais desequilibrada, incapaz de cuidar dela com o carinho e a disponibilidade que ela merece.
Quando chegámos a casa, foi estranho ela não estar. Vazio. Mas dormi profundamente durante 8 horas, e acordei a pensar nela, louca de saudades. E repousada, com novo ânimo.
Continuo a sentir um certo desconforto pela decisão que tomei. A B. ficou bem, adora os avós. E eu hoje sinto-me com outra força. Estou a trabalhar bem, sinto-me animada e com garra para atacar a montanha de roupa que cresce lá em casa, de cozinhar, de brincar com a B., e ser a mãe que ela merece.
Às vezes decisões como esta são o mais acertado. Por muito duro que pareça. Não concordo nada com a ideia de que a mãe tem que sacrificar tudo, que tem que calar e aguentar, porque é mãe e é suposto as mães aguentarem tudo. Eu senti-me um perigo nestes dias, para mim, para a minha família, incapaz de gerir as minhas emoções, de me reequilibrar. Não quero ser uma mãe zangada, ressentida, de mal com a vida. Se isso implicar deixar a minha filha por uma noite e ir espairecer, é mesmo isso que farei. As vezes que forem precisas.
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