Ultimamente, depois de chegar a casa, banho, jantar, brincadeira e rotinas de hora de deitar, a Bárbara cai redonda na cama. O D. ontem até me perguntou se não seria demasiado cansativo para ela ir para o infantário diariamente. Cansativo é, com toda a certeza. Mas ainda bem, digo eu. Ela vem feliz e isso nota-se. Hoje fomos buscá-la mais cedo para irmos à consulta dos 21 meses. Mas aproveitámos para trocar uns sapatos que tínhamos comprado para ela e que estavam muito justos. O pé dela deu uma crescidela repentina. Ela tinha umas botas de guerra nº 20 e uns sapatos azuis 21 que estava ansiosa que ela usasse, mas que lhe ficavam a nadar nos pés. Ontem veio para casa com umas sapatilhas emprestadas do infantário, a educadora disse que ela tinha passado o dia a cair e que repararam que as botas estavam pequenas. Pronto, era mesmo imperativo trocar os sapatos novos que ainda não tinha estreado, é que nem valia a pena arriscar, iam dar para um mês. Os sapatos eram de camurça cor de mel, como aqueles sapatos tipo "carneiras", que adoro, mas que ainda não sei onde se vende aqui no Porto. De menina, mas com ar resistente. Hoje já não tinham o 21, tinham um modelo ligeiramente diferente, bem giro por sinal. E tinham também uns sapatos verde garrafa, de verniz. Experimentámos os dois. Os primeiros tinham a vantagem da versatilidade, os segundos eram um sonho naquele pé pequenino. Estávamos inclinados para os primeiros, para os cor de mel, e calçámos-lhe o par. Mas logo ela mostrou vontade em tirá-los e foi de imediato pegar nos sapatos verdes. Nem olhámos para trás, a Bárbara tinha escolhido os seus sapatos preferidos. Levou-os já calçados, porque hoje levou umas botas da H&M que lhe comprei mais para andar por casa. Como ainda faltava mais de uma hora para a consulta, fomos passear. A Foz estava linda, cheia de gente e a Bárbara viu pombas pela primeira vez, andou pelo meio delas, fez festas a um labrador, correu e esmurrou o joelho. Coisas normais. Coisas que quero ver todos os dias.
Da consulta. Levei muitas perguntas, de tudo e fiz quase todas. O potty training aproxima-se, o biberão nocturno mantém-se. O percentil de peso continua a ser baixo, o de altura continua a ser alto. A Bárbara já se deixa examinar tão bem pela médica, sempre observadora e muito quietinha durante a auscultação, de pernas à chinês. Afinal a Drª A.M. já a conhece desde que ela tinha apenas 15 dias de vida. Mais coisas. Já há muitos dentes, dois ouvidos meio inflamados, uma cabecita de tamanho normal, vitaminas para continuar, pode beber o Actimel que a minha mãe leva todos os dias quando vai buscá-la ao infantário. E só me falta lembrar do nome do creme ou nem sei bem o que é, que a médica aconselhou para pôr por baixo do lábio inferior e na zona do queixo, por causa de umas pequeninas borbulhas causadas pelo uso da chupeta. Lepibalm? Será isto? Era lepi qualquer coisa. E voltamos lá em Junho, para a consulta dos dois anos.
Foi um dia bom. Sem parar, como tem sido ultimamente, mas houve boas notícias, e com os seus sapatos verdes a B. amanhã não vai cair no infantário, mas vai poder correr e brincar muito. Ah, cheguei a casa e voltei a calçar-lhe os tais sapatos azuis que lhe ficavam grandes, os tais 21. Pois é, serviram. Aquele pé deu um pulo de repente. Ainda não estou muito habituada a isto de o tempo passar como uma rajada de vento. Eu preciso de tempo, preciso de muitos dias e muitas horas para ser suficiente o tempo que estou com a B. ou em que estamos os três. Preciso de reter tudo na minha mente, os sorrisos, as palavras, os gestos, aquele inclinar de cabeça delicioso que ela tem. Preciso de tempo como ela precisa de sapatos. É que o meu amor também cresce. Mas não há sapato neste mundo que lhe sirva. Nem está ainda para ser inventado.