quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Hora do Vitinho report - O descalabro

Não há maneira simpática de dizer isto. Estamos reféns de uma pequena menina e eu não me conformo com isto. Todas as noites temos perdido duas, três horas a adormecê-la e grande parte desse tempo é às escuras, no quarto dela, a tentar que ela pelo menos fique na cama.
Se eu quiser ir pela lógica, posso dizer que ela está a entrar na fase dos medos. Tem tido pesadelos, mostra medo do escuro, de cenas mais agressivas que vê na televisão e de alguns animais e barulhos. A fase das birras também chegou em força, contava com mais 4, 5 meses para me poder preparar, mas nop, elas andem aí, e entre dar-me uma vontade enorme de rir quando a vejo estendida do chão, possessa, a berrar sem saber o que quer, e uns nervos do caraças por não saber bem o que fazer, há cá de tudo. Normalmente viro costas, deixo-a chorar e volto quando a ouço abrandar o choro para conversar com ela. 
Ah, e só quer mamã. Mamã, mamã, mamã, mamã. Ansiedade de separação, check.
Também está com um apetite voraz e algo me diz que não tem só a ver com as três semanas de quase jejum por ter estado doente. 
Ora, já deu para perceber que estamos aqui a atravessar um marco importante. Mas se eu pensar no que realmente sinto, ah, o que eu sinto. De cada vez que estou naquele quarto a fazer "shhhh-bebé-ó-ó" pela milionésima quadragésima vez, sinto-me a enlouquecer. Mas também me sinto amedrontada por seguir o meu instinto. Que é sair do quarto. Dar-lhe as boas noites, à minha rica filha que tanto amo, e sair. Sei que na primeira noite vai cair o Carmo e a Trindade, vai espernear, vai berrar mal a porta abra e que vou ter que voltar, dez, vinte vezes. E na segunda também, na terceira, na quarta. Sei que vai melhorar. Mas ainda não tive coragem de passar por isso outra vez. Também sinto alguma culpabilidade por estar de novo neste ponto. Esforçámo-nos tanto para que ela adormecesse sozinha, tranquila, feliz no seu quarto. Mas é tudo tão inconstante, a começar pelas nossas rotinas, ou falta delas. E voltamos à vaca fria. Mas é a verdade. E depois as doenças, e os fins-de-semana fora, e as festas. Quase que são mais as excepções do que a regra.
Ah, uma nota para 2013. Parar com as lamentações. Quando dizia no post das resoluções, que tinha que fazer mais, era exactamente a este tipo de situação a que me referia. Perder o medo e sair do quarto. Ver o que acontece. Agir. Como é que eu quero que a minha filha seja segura se eu não for? Tão simples quanto isto.
Agora quem vai dormir sou eu. Se conseguir, tamanha é a camada de nervos que tenho em cima do lombo. Até estou a tremer por dentro. Cheia de tremeliques internos. A sério. Boa noite, pessoas.

3 comentários :

  1. Por cá, fazemos check na ansiedade da separação e as birras, embora embrionárias... Espero que voltem ao vosso ponto de equilíbrio! Um grande beijinho

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  2. Se te faz sentir melhor... eu também me revejo nisso tudo... o tempo para adormecer não é assim tanto mas só lá vai ao meu colo! E só mesmo o meu! E depois o meu azar é que tem acordado a meio da noite com a fralda cheia e tenho de a trocar toda (culpa do último biberão)e depois como já falta pouco para a acordar levo-a para a nossa cama... e a raiva que isto me dá por ter batalhado pelas rotinas de sono e tal e tal :(

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  3. Querida Sara,
    Por aqui estamos exactamente igual. E isto anda-me a deixar louca.
    Tanto investimento de tempo, de força de vontade, de coração apertado para que ele adormecesse sozinho na cama dele (que conseguimos e que tanto me orgulhava) para ir tudo por água abaixo.
    Têm sido quase 2h para o conseguir pôr a dormir. Nunca sozinho e encostado a mim...
    Sei que tenho que pôr um término a isto e decidir. Não tem sido nada fácil.
    Desejo-vos sorte!
    Um beijinho e um muito feliz 2013*

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