quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Amo-te

Esta noite a Bárbara acordou às 4 da manhã. Sem fome, sem nenhuma exigência em particular. Mas palrava e palrava e eu resolvi lutar contra o sono e fui espreitá-la. Estava atravessada na cama, com os pés levantados e apoiados na beirinha, sem uma meia, e a morder o lençol. Tinha o pé gelado, e o lençol e a meia que tirou estavam todos babados. Mal me viu rasgou um sorriso tamanho, que tive que pegar nela e enchê-la de beijos. Levei-a para outro quarto, dei-lhe de mamar, e quando ficou satisfeita fez um jeitinho mesmo amoroso com os lábios, e depois fez-me caretas daquelas com bolhinhas de cuspe. Arqueou-se toda, olhou pela janela durante um ou dois minutos e depois, virou-se de novo para mim, riu-se e esfregou os olhos. Dei-lhe mais dois beijos bem dados naquelas bochechas de veludo, mudei-lhe a fralda, calcei-lhe meias secas e voltei a deitá-la. Olhou para mim, sorriu ainda outra vez, beijei-a outra vez (porque cada sorriso é um beijo) e abraçou-se ao coelhinho. Adormecemos as duas, cada uma em sua cama, ela sem chupeta, e eu com o pensamento de que não trocava isto por nada, mas mesmo nada deste mundo.

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