Quando a Babá nasceu, abriu logo um olhão grande, e no segundo dia sorriu. Eu nem podia acreditar. E mesmo sabendo que não era para ninguém aquele sorriso, que era apenas um reflexo, foi um momento enternecedor. A partir daí ela sorriu sempre, sorria a dormir, sorria a mamar, sorria porque sorria. Até ao dia em que sorriu directamente para mim, para o pai, depois para os avós, tios, e agora sorri basicamente para toda a gente que a mime.
É uma criança tranquila. Serena. Atrevo-me a dizer que é feliz.
Se chora? Chora. Quanto tem fome, ninguém a cala. Às vezes ela avisa antes, com uns pequenos esgares entre os tais sorrisos, como quem diz "não te abispes não, que eu armo já o barraco", outras vezes é uma espécie de tempestade de granizo, aparece de repente, ninguém sabe de onde veio.
Quando chega a hora de dormir é a mesma coisa. E nisto, ela parece um relógio. Sempre à mesma hora, e se não estiver já deitada, dá sinal, e só se cala quando a deitamos na alcofa e a aconchegamos. Nesta altura ela já adormece sozinha, coisa que me deixa cheia de orgulho. Isso e o facto de ela já dormir oito horas seguidas. Claro que, deitando-se às nove e meia ou dez horas, está acordada às seis. Mas depois de mamar ainda dorme mais umas horas. Ela e eu!
Acorda a fazer pequenos sons, risinhos e gritinhos fabulosos, cheia de energia, e é assim que passa o dia.
Entretém-se muito em frente à televisão, muito atenta aos sons, às cores, às vozes, entre sestas e "conversinhas" com as pessoas cá de casa.
E todos os dias desenvolvemos as nossas rotinas, fortalecemos a nossa relação, aumentamos a nossa cumplicidade, reafirmamos o nosso amor. É que entre mãe e filha há muita magia. Dou-lhe beijinhos repenicados no pescoço e ela dá-me o maior dos sorrisos. Dou-lhe beijinhos nos pés e ela solta uma pequenina gargalhada. Eu não podia pedir mais. Tenho uma filha encantadora, linda, terna, de bem com a vida, e feliz. Atrevo-me a dizer, muito feliz.