Quando tinha 5 anos vi um parto na televisão e depois daquele programa, tomei uma importante decisão: nunca teria filhos. Ca nojo!
Uns bons anos mais tarde, no museu Domus na Corunha, tornei a ver a cena. A reacção foi exactamente a mesma. Então, e apesar de gostar muito de crianças e de imaginar o meu futuro a contribuir para o aumento da taxa de natalidade, consegui não pensar muito no assunto.
Até que a decisão de ter um bebé tornou-se mais importante do que esses fantasmas em torno do parto. Ter um filho não é só pari-lo, a verdade é essa, e muitas vezes dou por mim a pensar que isso vai ser o mais fácil.
Ao longo destes meses tenho aprendido tanto, e descoberto partes de mim que nem sabia existirem. Acaba por ser uma fase um bocado esquizofrénica. Porque um dia acho que o forte instinto maternal vai ajudar-me a superar toda e qualquer dificuldade e no seguinte, convenço-me que se a criança não vier com um livrinho de instruções vou ter um colapso. Felizmente tenho momentos de lucidez em que sei que, assim como tudo na vida, vai ser um pouco das duas coisas. Não espero facilidades. Mas acredito que vou ser capaz. E a enfermeira J. diz muitas vezes que se tivermos amor para dar, já estamos a fazer tudo bem.
E disso, eu tenho muito. Paletes, resmas. Mundos. E fundos.
Sem comentários :
Enviar um comentário