terça-feira, 15 de setembro de 2015

[adeus verão]

Comecei o verão em pura tranquilidade com o Caminho de Santiago,  e no regresso a promessa de dias sem pressas, sem despertadores, nem [grandes] regras. Tivemos uma praia que foi uma treta, mas um mês intenso. No fim, ganhei uma reviravolta no meu rumo profissional, para melhor, à primeira vista, mas um desafio tremendo. Ainda não estão ultrapassados os primeiros receios e dificuldades. Mas sei que isso leva tempo e no meu tempo lá chegarei. Cada dia tem sido uma conquista, mas uma luta grande. No fim, durmo um sono justo, nem sempre contínuo, nem sempre reparador. Essa, é outra das minhas lutas. Ou antes, uma luta delas. 

Para as miúdas o ano começou, e não estamos mal. A Bárbara regressou ao infantário e apesar de ter passado o verão a dizer que não queria ir para a escola "nunca, mamã, nunca", foi, uns dias mais tranquila que outros, mas foi bem. A Teresa juntou-se a ela, vão-se vendo durante o dia, o que me dá uma grande paz. Chorou na primeira semana, agora já fica bem. O meu coração agradece.


[A qualidade das fotografias está péssima. Há uns tempos o meu telemóvel caiu num poço de escadas e partiu-se todo, e a câmara nunca mais ficou bem. Em boa verdade, nem o próprio do telemóvel. Mas de todos as fragilidades com que ficou, é esta a que mais me chateia. Este era o meu principal modo de tirar fotos. E como é que ele caiu? Com a pressa, com o raio da pressa].

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

[O Caminho]

O post está escrito há algum tempo, mas não tenho ainda energia para o ilustrar com as fotografias. Mais tarde, com pequenas legendas faço um pequeno resumo em imagens. Entretanto, aqui fica o relato, finalmente. 


[Chegada a Lugo]


Era quase noite quando chegamos a Lugo. Fiquei surpreendida, achei que ia encontrar uma pequena povoação, uma vila, mas cheguei a uma cidade grande, antiga, muralhada. Fui pesquisar, Lugo é a única cidade do mundo que ainda mantém a muralha romana em todo o seu perímetro. E o hotel fica dentro. Fazia muito frio quando saímos para jantar, já tarde, num restaurante simpático. A cidade é bonita à noite, há muita gente nas ruas, mas tivemos que nos recolher para descansar e começar a caminhar pela manhã cedo. Já se respira Santiago. Na preparação que fazemos, nos marcos que encontramos, em tudo o que vemos. Estamos prontas.


Dia 1 [Lugo-San Roman]


Dormi mal. Trovejou toda a noite, estranhei a cama, estranhei não estar em casa, com o Daniel e as miúdas e acho que me sentia ansiosa pelos dias seguintes. Quando encontrei as minhas companheiras, ao pequeno-almoço, percebi que foi geral. Ninguém pregou olho. 
Visitámos a Catedral de Lugo e só depois nos fizemos ao Caminho. Passamos por várias povoações onde não se via vivalma e felizmente decidimos almoçar ao meio-dia no único bar que viríamos a encontrar aberto, até San Roman. À tarde saímos da estrada, entramos pela floresta e começou a chover, mas já contávamos com isso. Íamos seguindo os marcos com a vieira amarela. Alguns tinham escrito a distância que faltava até ao fim, outros tinham também pedras em cima. Essas pedras simbolizam desejos, problemas deixados para trás, sonhos, ofertas, para que a partir daí haja alguma renovação e uma nova atitude perante a vida. Ia pensando como era incrível estar ali, com mais 8 pessoas, a fazer este Caminho. E ainda mais quando encontrávamos outras pessoas com o mesmo propósito, chegar a Santiago.


Dia 2 [San Roman-Melide]



Saímos de San Roman em direcção a Melide, foram 28 Kms com muito calor e poucas sombras. Se no primeiro dia, a maioria do percurso foi feito em estrada [pouco transitada, mas ainda assim], neste dia  andámos por carreiros, muitas subidas e descidas [fiquei a saber que estas últimas são bem mais duras] e atravessamos mais povoações. Cada uma delas tem a sua igreja, em granito, à volta da qual se organiza o cemitério, mas na maioria delas não se vê absolutamente ninguém.
Há pouco tempo atrás não lidava bem com este tipo de ambiente, rural, silencioso. De alguma maneira isso deixou de ser importante. Não é que fosse em oração, ou em meditação, muitas vezes ia a conversar com alguém, mas ia sem dúvida em reflexão e o ambiente era propício. 
Parámos para almoçar num sítio engraçado, uma casa antiga recuperada com restaurante e alojamento para peregrinos. Aproveitámos para descansar e tratar dos pés e das pernas. Nesta altura comecei a sentir as primeiras dores a sério. Os músculos das pernas começaram a contrair, tinha caimbras  e as duas últimas horas foram um verdadeiro teste à minha resistência. Cheguei ao hotel derreada, e custou-me dormir. As minhas pernas pareciam pesar duas toneladas e pôr-me confortável foi praticamente impossível.


Dia 3 [Melide-Arzúa]


Terceiro dia. Ontem foi duro e até me passou pela cabeça que não iria conseguir continuar a pé, mas os cuidados foram tantos, que acordei como nova. A dinâmica do grupo é engraçada. Há as que vão à frente, algumas vão sempre no meio, outras mais atrás, quase sempre as mesmas. Há uma de nós que todas as manhãs se deixa ficar para para trás e assim vai uma ou duas horas. Depois, aproveitando uma paragem, junta-se a nós, e cada uma de nós também encontra outra companhia para caminhar e conversar, e a dinâmica altera-se, mas tudo acontece com espontaneidade. De repente percebo que vou falando menos e ouvindo mais. É bom ouvir outras histórias e sobre outras vidas.
Hoje vimos mais peregrinos. Além de ser fim-de-semana, em Melide o Caminho Francês coincide com o Primitivo e mais à frente cruza-se com o Caminho do Norte.
A etapa terminava em Arzúa, mas estávamos com ritmo e fizemos mais alguns quilómetros. O senhor do lugar onde ficamos, o Xosé, foi buscar-nos. Ficámos numa casa que parecia ser de turismo rural, simples mas muito bonita. Cheirava bem quando entramos, então decidimos ficar lá a jantar em vez de irmos a mais uma pulperia. Comemos tão bem, mas mais uma vez dormi mal. Vi uma cobra no lago que visitámos antes de jantar e aquela imagem não me saía da cabeça. Além disso a cama era muito mole e não conseguia ficar confortável. Enfim, só queria que a manhã chegasse depressa, queria adormecer e esvaziar a cabeça.


Dia 4 [Arzúa-Labacolla]


Apesar de mais uma noite mal dormida acordei bem disposta e pronta para mais um dia. Já estava definitivamente familiarizada com o ritmo de dormir pouco e caminhar muito. Não era o ideal, mas acabei por me adaptar. Já nem tinha que pensar muito na sequência de cuidados a ter: alguns comprimidos, cremes, pensos nos sítios mais frágeis, meias com direito e esquerdo, botas nem muito apertadas, nem muito folgadas. Chapéu e impermeável à mão, garrafa de água cheia, bateria de telemóvel carregada, algum dinheiro, e o bloco de notas para ir fazendo estes apontamentos que estão a ler agora.
O dia esteve nublado, choveu por vezes, mas o caminho fez-se quase sempre pelo meio da floresta, e sinceramente, foi melhor que estivesse fresco, o calor não ajuda nada. 
Encontrámos vários memoriais de homenagem a pessoas que morreram no Caminho, por exemplo, uma senhora morreu a dormir na noite após a chegada a Santiago. Não há velas nem flores, há sapatilhas, bilhetes, pedras escritas, fotografias e objectos simbólicos. 
A chegar a Labacolla passamos pelo aeroporto, em cujas redes estavam encaixadas cruzes com pequenos troncos de madeira, em memória das vítimas do acidente de comboio de há dois anos atrás. 
E talvez por tudo isto que fui encontrando, pensei na sorte que tenho em estar viva. Pode parecer um cliché, mas desafio qualquer um a não sentir o mesmo perante estes símbolos de luto.
Tenho saudades do Daniel, das meninas, mas de casa chega-me imensa força, deles e dos meus pais. Não me sinto só, muito pelo contrário. E esta foi das maiores conquistas desta viagem, fazer as pazes com algumas partes de mim. E amanhã chegamos a Santiago. Que maravilha.


Dia 5 [Labacolla-Santiago]


Dia 4 de Agosto de 2015, último dia do meu primeiro Caminho. Saímos muito cedo, com apenas 10 Km para fazer, queríamos chegar a tempo da Missa do Peregrino ao meio-dia. 
Quando comecei a ver as torres da Catedral fiquei muito emocionada. Conseguimos. Mas não era o sentimento de vitória que me invadia, era sim o de uma grande humildade, alegria e paz. 
Sentamo-nos nos bancos de madeira da Catedral que já tantas vezes tinha visitado, mas nunca como peregrina. Conseguia ver tudo aquilo que sentia nos olhos das minhas companheiras de viagem. A Missa foi das mais bonitas a que já assisti, mesmo sem botafumeiro. Talvez para a próxima.
Fomos buscar a Compostela, almoçar, comprar lembranças. E entretanto o Daniel chegou e ficou aquela última noite. Depois de jantar ainda voltamos à Catedral para ouvir o órgão de tubos entretanto recuperado, tocado por uma professora de música de 90 anos. Foi maravilhoso e um belo final para esta experiência.
No dia seguinte, depois de almoçarmos uma última vez em Baiona [quase] todas juntas, despedimo-nos já com saudades. Passaram 7 dias desde que saí de casa para viver uma das maiores aventuras da minha vida. Mas já é tempo de voltar, as saudades das minhas filhas apertam, e o Caminho... está feito. 

terça-feira, 18 de agosto de 2015

[O Caminho] - wi-fi

Não sei se foi por ter estado 6 ou 7 dias muito pouco ligada ao exterior, ou se foi de facto alguma mudança que se operou em mim, mas desde que cheguei de Santiago, tenho dedicado muito menos horas às redes sociais. Não deixa de ser curioso, pois a primeira coisa que fazia quando chegava a algum bar ou restaurante era perguntar se havia wi-fi. Publiquei uma ou duas fotos por dia, e antes de ir não instalei a app do blogger que me permitia ir fazendo um diário do Caminho. Escrevi à mão. Como não levei máquina fotográfica, queria uma boa ligação e fazer o upload das fotos do iphone para a cloud de casa, para que no dia seguinte pudesse ter alguns registos.

Pensei nisto, porque hoje quando saímos para o nosso passeio diário, lembrei-me que tinha deixado o telefone em casa e ao mostrar despreocupação o Daniel disse-me que tem reparado que passo muito menos tempo ligada desde que regressei. E é verdade. E sabe bem.

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

32/52




"A portrait of my children, once a week, every week, in 2015"

inspirado na jodi.

Bárbara, 4 anos - A despedir-se de mim.
Teresa, 18 meses - Sempre que sai de casa vai dar um toque na campainha da bicicleta. 

31/52


"A portrait of my children, once a week, every week, in 2015"

inspirado na jodi

Teresa, 18 meses - Espanto-me com a garra desta miúda. Com 18 meses sobe as escadas do escorrega e desce sozinha. É preciso ter a mão pronta para segurar, ajudá-la a subir para as coisas mais altas. De resto, ela domina. 
Bárbara, 4 anos - Tem andado muito atenta ao que se passa à volta dela, para além de perguntar muito sobre tudo. Aqui, ouvia um rapaz que tocava guitarra ao pé do rio. 

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

[O Caminho]

Cheguei há uns dias. E ainda não é hoje que vos vou contar do Caminho. Tenho os meus apontamentos [escritos à mão] prontos para serem transcritos para aqui, mas tenho adiado, como várias coisas de resto. As compras, as notícias. Cheguei e entreguei-me por inteiro a nós, à nossa casa e às nossas férias. Não me apetece pensar em mais nada para já. 
Também porque não me quero desprender das memórias, sensações e sentimentos que trago da minha peregrinação. Pensando com alguns dias de distância, e tendo em conta que durante aqueles dias tudo foi intenso, constato que foi realmente das melhores experiências que vivi até hoje e que venho muito mais enriquecida. Consegui. Conseguimos. E é com este plural que venho mesmo feliz.


quinta-feira, 30 de julho de 2015

[caminhos de Santiago]

É hoje. Daqui a poucas horas vamos em direcção a Lugo, o nosso ponto de partida, onde ficamos por uma noite. Tenho a mala quase pronta [falta sempre qualquer coisa], e tudo preparado para quem fica. 
Nesta altura estou sem grandes palavras. Isto é difícil. Deixar. Mas é bom ir, e será ainda melhor, voltar.

segunda-feira, 27 de julho de 2015

30/52


"A portrait of my children, once a week, every week, in 2015"

inspirado na jodi.

Teresa, 17 meses - Com cara de santa, mas isto foi mesmo antes de fazer uma grande cena por tê-la impedido de correr para as escadas rolantes.
Bárbara, 4 anos - Trocou sorrisos com uma rapariga que lanchava ao nosso lado. Disse-me "mamã, aquela menina é muito bonita". A sério. Eu gostava de ter um gravador incorporado no cérebro, para nunca mais me esquecer das coisas lindas que tenho ouvido desta miúda.

Como houve atraso na publicação das fotos das semanas anteriores, facilito-vos a vida e deixo aqui os links. Semana 28, aqui. Semana 29, aqui.

29/52


"A portrait of my children, once a week, every week, in 2015"

inspirado na jodi.

Bárbara, 4 anos - Vejo-a tratar da Vitória como eu trato dela, com as mesmas expressões, com as mesmas palavras e percebo. Percebo como é importante o que ela ouve, sente e vê.
Teresa, 17 meses - De manhã, vê o biberão, e depois de lhe arranjar as almofadas no sofá, trepa, deita-se e diz "dá". E nós damos.

28/52

"A portrait of my children, once a week, every week, in 2015"

inspirado na jodi.

Bárbara, 4 anos - Tem os abraços mais deliciosos. 
Teresa, 17 meses - Dá-me beijos na boca em séries de 3 e diz "mmmmmaaaaaaaá!"

sábado, 25 de julho de 2015

[caminho de Santiago]

Desde 2009 que tenho vontade de fazer o caminho de Santiago, mas por razões da vida nunca foi possível. Este ano, o da minha estreia, será o Caminho Primitivo e fiquei a saber que se chama assim porque foi mesmo o primeiro percurso feito por peregrinos rumo a Santiago de Compostela.
Somos nove mulheres, tirando as pessoas que nos vão dar apoio e que se vão revezando. Começamos em Lugo, para iniciar a primeira de cinco etapas, Lugo-S.Romão da Retorta. Depois Melide, Arzúa, O Pedrouzo e Santiago de Compostela.

Não sei bem o que me espera, falo não só em termos de dificuldade, mas também da experiência em si. Tenho as minhas motivações, mas não levo muitas expectativas. Prefiro ir receptiva ao que este Caminho me vai mostrar, isto é, como disse uma amiga, como uma esponja.

Deixo as minhas filhas, pela primeira vez. E o Daniel. Ponderei muito, perguntei-me se estaria a fazer bem, mesmo sabendo que não sou a primeira nem serei a última a fazê-lo, por tantos motivos diferentes. Mesmo sabendo que é o vínculo que estabeleço com elas diariamente que importa, haverá uma ausência minha e, onde eu estiver, haverá a ausência deles, e isso traz-me já saudades. Mas, se ainda assim a vontade de ir permanece e a motivação se mantém, então sim, devo ir de alma e coração. Livremente, e exactamente assim, como a A. disse, como uma esponja.

[A Teresinha gostou das minhas botas de caminhada, umas Merrell com sola exterior Vibram, recomendação das mais experientes. Se tiver tempo escreverei sobre o que levo comigo e a minha  pouquíssima preparação].

quarta-feira, 22 de julho de 2015

[coisas dos dias normais]

Julho tem sido uma loucura de agendas, não só a minha, a do pai também. O normal nesta altura do ano, para poder descansar 3 ou 4 semanas, antecede-se uma maratona de trabalho para fechar alguns projectos e deixar outros num stand-by confortável.

Antes das nossas férias a quatro e daqui a oito dias, vou em peregrinação a Santiago de Compostela com um grupo de amigas. Para algumas delas será a quarta vez, mas para mim será a primeira. De repente apercebo-me que falta apenas uma semana e tudo para preparar. Tenho as botas de caminhada e uma lista de coisas para pôr na mala e na mochila. Não tenho tido muito tempo para preparar convenientemente esta viagem e isso deixa-me ansiosa.




Até ao final da semana é trabalhar, trabalhar, trabalhar, sem grandes pausas e divagações. A lista de to do's vai diminuindo com o número de dias que faltam para as férias, é uma questão de foco. Vai correr bem. E vai compensar. 

27/52

"A portrait of my children, once a week, every week, in 2015"

inspirado na jodi.

Teresa, 17 meses - Nas últimas semanas deu um pulo no desenvolvimento. Começou a cantar, repete muitos sons, aventura-se a subir a cadeiras, mesas, móveis em geral.
Bárbara, 4 anos - O medo dela agora é de barulho: tambores, orquestras, bandas, foguetes e fogo-de-artifício. Tal como com todos os outros, há que valorizar na medida certa, desmistificar, e ajudar a ultrapassar, sem dramas.

sexta-feira, 17 de julho de 2015

[uma espécie de pausa]

Há uns dias fomos ao Gerês, os quatro, inseridos num grupo. Tivemos sorte com o tempo, um dia maravilhoso de sol e um calor bom. Mesmo tendo levado carrinhos para as duas, corri tanto atrás da Teresinha que acordei no dia seguinte como se tivesse feito um treino intenso no ginásio. 















No Santuário de Nossa Senhora da Abadia. Fica na encosta de uma montanha em Santa Maria de Bouro. Há um ribeiro, ouve-se a água e só isso parece que refresca, plátanos enormes, e espaços giros para estar.
Levei algumas mudas de roupa para elas. A Bárbara já queria ter saído de casa assim, de t-shirt e calças de ganga. Mas achei que ia estar demasiado calor e convenci-a a usar um macacão. Quando finalmente lhe fiz a vontade (passou a manhã a pedir para mudar) ficou bem mais relaxada e à vontade para brincar.




A Teresinha esgotou as mudas de roupa, chegou a casa negra. E foi assim que a vi grande parte do dia: à minha frente, com passo ligeiro, a explorar tudo o que via. 

 As miúdas ressentiram-se um bocadinho com o facto de não terem dormido uma boa sesta. No fim da viagem isso foi evidente. Chegámos a casa,  pusemos música calma, preparámos-lhes uma boa papa, um bom banho, muitos mimos e cama. 
Fez-nos bem ir, apesar de praticamente não termos parado um minuto. Nós descontraímos, elas divertiram-se, brincaram, viram coisas novas. Organizamo-nos bem e fomos totalmente disponíveis para ter um dia livre de stress. E foi tão bom. Precisávamos mesmo disto, e elas também.

sábado, 11 de julho de 2015

26/52


"A portrait of my children, once a week, every week, in 2015"

inspirado na jodi.

Bárbara, 4 anos - A Minnie mais bonita do mundo.
Teresa, 17 meses - A reguila mais fofa do mundo.

domingo, 28 de junho de 2015

[foodlover]

Para mim, cozinhar é partilhar. Não só à mesa, em conversas, e mesmo aqui no blog. Há algum tempo que me apetece falar aqui sobre pratos que gosto de fazer, e sobretudo do que gosto de comer.
Cada vez me faz mais confusão comida processada. E agora com duas crianças, penso muito na qualidade da alimentação. A Bárbara adora ir comigo para a cozinha, ajuda imenso, já identifica muitos alimentos e noto que depois come com mais gosto, apesar de continuar um pisco.
Usar bons ingredientes, fazer receitas simples, mas cheias de sabor, que não sujem muita louça nem demorem muito tempo, parece impossível, mas não é.

Cá em casa adoramos beringela e ultimamente é raro não ter no frigorífico. Costumava usar para rechear ou cortar fatias grossas para servir como base, como se fosse uma bruschetta. Desta vez, baseando-me numa receita que li por aí, cortei-a em fatias finas e longitudinais para fazer uns rolinhos de pesto e mozarela de búfala. Comecei por salpicar com bastante sal e reservei por 30 minutos. Enquanto isso, preparei o pesto genovês: uma mão cheia de manjericão, azeite, sal, 1 dente de alho, amêndoas em vez dos pinhões e parmesão ralado. Tudo isto eu ponho a olho e conforme o meu gosto. Ainda não encontrei o almofariz perfeito, por isso uso a varinha mágica para triturar. O manjericão deixa o aroma mas incrível na minha cozinha e nas minhas mãos. Já em pesto é do outro mundo. Procuro sempre pretextos para fazer pesto, ou numa pizza caseira a complementar ou a substituir o molho de tomate, ou a envolver uma massa. As miúdas adoram. 
Depois de lavar e secar as fatias de beringela, grelhei-as. Barrei cada fatia com o pesto, distribuí a mozarela cortada ou até rasgada com os dedos, enrolei-as e prendi-as com dois palitos a fazer um x. Pus os rolinhos num tabuleiro e levei ao forno por alguns minutos. 
Para acompanhar, uma salada de rúcula selvagem, tomate cereja bem maduro e um tempero de azeite, sal e vinagre balsâmico. Finalizei com parmesão, lasquei-o com a faca e juntei à salada.



Ficou.tão.bom.

[Há bem pouco tempo não imaginava ser possível deixar de ingerir hidratos de carbono ao jantar, aliás, a partir do meio da tarde, e não andar sempre cheia de fome. Mas não ando, muito pelo contrário, sinto-me muito melhor, mais alimentada e nutrida. Somos o que comemos, dizem. E eu acredito plenamente, agora mais do que nunca].

A ouvir Luiz Bonfá.

quinta-feira, 25 de junho de 2015

[estes dias]

Se comparar o meu estado de espírito actual com o de há alguns meses atrás, parece que me saíram duas toneladas de cima dos ombros. Foram-se as febres, as tosses, os narizes entupidos, graças aos céus. Ao arrumar a caixa dos medicamentos pareceu-me incrível e horrível que as pequenas tivessem tomado tudo aquilo este inverno. E nem nós escapámos, o que tornou tudo mais difícil.

Com tudo isso, e ao ter que pôr tanto trabalho e tantas coisas em dia, a energia nem sempre chega para me sentar a escrever e isso faz-me muita falta, mais do que alguma vez poderia imaginar.
A Bárbara fez 4 anos, a Teresa começou a andar e eu andei simultaneamente em êxtase, por elas, e em angústia, por mim. É bom vê-las crescer, é maravilhoso, mas não consigo deixar de me sentir nostálgica sempre que guardo um par de sapatos que deixou de servir, sempre que lhes percebo mais um sinal de independência. A Bárbara lava os dentes sozinha e já quase não precisa de mim para finalizar, vou ver e estão impecáveis. A Teresa também já bebe o leite sozinha, pelo menos de manhã. Recosto-a no sofá, dou-lhe o biberão e ela despacha-o enquanto eu me visto ou trato de outra coisa qualquer.

Estão crescidas, brincam muito pela casa, riem, cantam, dançam, a Teresa fala na sua própria linguagem, a Bárbara faz perguntas giríssimas, é uma casa cheia. E quando elas não estão... que vazia fica.

Os momentos mais duros continuam a ser os finais de dia de semana. Quando me sinto cheia de saudades e tenho que ir para a cozinha preparar o jantar em vez de brincar com elas, e quando finalmente nos sentamos à mesa e elas estão simplesmente exaustas e já só gritam, protestam e fazem asneiras. Depois de as deitarmos, o que pode demorar meia hora ou duas horas, estamos nós agastados e tensos, às vezes ainda sem jantar.
Para piorar, as noites mal dormidas. Se a Teresa acorda, normalmente demora duas ou três horas até que adormeça novamente e isto pode acontecer várias noites seguidas. Não adianta se lhe pegamos ao colo, se a embalamos, se lhe damos biberão, se tentamos adormecê-la na sua cama, se a levamos para a nossa cama, nada resolve se ela não estiver para aí virada.
Outras vezes, nas suas fases mais inseguras é a Bárbara que acorda e vai chamar-me ao quarto, ou porque quer água, ou porque fez um dói-dói e não consegue esquecer, ou porque tem medo dos monstros. Não raramente a Teresa acaba por acordar com o barulho, fico sem saber se dormiria a noite toda, provavelmente não. Às tantas andamos ali às voltas, já muito resmungões, sem conseguir acalmá-las e a tentar lidar com a nossa própria birra de sono. É desesperante.

Apesar disso, e por muito que este sentimento de frustração se instale por vezes com uma força incrível e faz com que tudo pareça pior do que é, observo-as e sei que estamos a sair-nos bem. As miúdas andam felizes e cuidadas. Quando estou mais descansada, sei que não podemos esperar destes tempos muita tranquilidade e calma, não concebo sequer que não damos senão o nosso melhor, e analisando bem as coisas, até temos sorte com os nossos horários, temos algum tempo de qualidade, podemos ser nós a dar-lhes banho, o jantar e a brincar com elas e a deitá-las depois da história.
Por muito que o descanso nos faça falta e nos tolde a visão, há uma coisa que já disse e volto a afirmar com toda a certeza: não trocaria isto por nada. A minha família é a minha vida. E eu sou parte da vida da minha família. Há lá coisa mais maravilhosa?


terça-feira, 23 de junho de 2015

25/52


"A portrait of my children, once a week, every week, in 2015"

inspirado na jodi.

Bárbara, 4 anos - Gosto muito de ir buscá-la ao colégio. Vamos ver as tartarugas e neste dia havia uma cascata de S.João e dei-lhe algumas moedas para lançar. Um dos momentos mais calmos antes das birras de sono, da correria dos banhos, jantares e horas de deitar... tem dias. 

Teresa, 16 meses - Como peixe na água. A juntar à sua energia inesgotável, esta minha filha é uma valente. Atira-se a tudo, sem medos.

quinta-feira, 18 de junho de 2015

[felicidário]

Conhecem o Felicidário? 

"Se é difícil definir a felicidade aos 20, aos 30 e aos 40, imaginem aos 60 ou aos 70. Foi por isso que nasceu o Felicidário. O Felicidário é um calendário e também é uma espécie de dicionário com 365 definições práticas de felicidade. Aos 65, a felicidade é arrumar as botas e fazer crochet, é gozar o dolce fare niente ou fazer aquilo que nunca se fez? Todos os dias, durante um ano, o Felicidário sugere uma nova ideia de felicidade para maiores de 65 anos.

No Felicidário, a felicidade não tem idade e é ilustrada por Afonso Cruz, André Letria e Ricardo Henriques, André da Loba, Aka Corleone, Bernardo Carvalho, Carolina Celas, Irmão Lucia, Julio Dolbeth, Madalena Matoso, Maria Imaginário, Tiago Albuquerque e Yara Kono.


O Felicidário é um projecto da Associação Encontrar+se em parceria com a Lintas."


Foi um projecto que acompanhei durante os tais 365 dias através da página de Facebook.
Recentemente voltei a lembrar-me dele e decidi publicar aqui as ilustrações correspondentes aos dias dos nossos aniversários. Só porque sim.

[o meu]
[o do pai]

[o da Bá]

[o da Teresinha]

:)

terça-feira, 16 de junho de 2015

24/52



"A portrait of my children, once a week, every week, in 2015"

inspirado na jodi.

Bárbara, 4 anos - Orgulhosíssima das suas asas e "farinha", e do seu diploma de participação com entusiasmo na aula aberta de Ballet. Adorei ter ido. E pelo que vi, tê-la posto nas aulas de dança tão cedo foi uma aposta ganha.

Teresa, 16 meses - Carinha do pai, benzádeus. Mal chega a casa dos avós, é para este sítio que gosta de ir, sentar-se na soleira da porta. E eu, que nunca fui fã de palmeirinhas no cabelo, não consigo deixar de te achar irresistível assim.

quinta-feira, 11 de junho de 2015

23/52

"A portrait of my children, once a week, every week, in 2015"

inspirado na jodi.

Bárbara, 4 anos - Ela será sempre sensível por demais. Aos dói-dóis que faz na brincadeira, aos filmes que vê e que a deixam emocionada, à forma como é tratada e amada.

Teresa, 16 meses - Tem uma fascinação desmedida pela irmã. Adora-a. O que ela não sabe [ainda] é que é ela própria fascinante, no seu jeito meigo de ser, na forma como procura por nós, como ata os seus braços à volta do nosso pescoço como se nunca mais quisesse largar.

sexta-feira, 5 de junho de 2015

[a manhã]

Devia estar a trabalhar neste preciso momento, mas tive que parar um pouco. Estou acordada desde as 6.30 da manhã, ainda só tomei um café e estou a fazer um esforço monstruoso para me manter concentrada. E para esquecer a fome. Desta última depois falo. 
A banda sonora também não foi bem escolhida, porque ouvir Quincy Jones só me faz sonhar com banhos de mar, esplanadas e peixe grelhado ao pôr-do-sol. 
Mas a única forma de passar o fim-de-semana relaxada e sem [grandes] preocupações é mesmo deixar o trabalho feito e em dia. Não será impossível se não me dispersar muito. Hoje fiquei em casa e não é difícil arranjar pretextos para interromper. 

Penso muito nas miúdas, no Daniel e nos planos para estes dois dias. Não vai ser um fim-de-semana sem compromissos, mas vão ser dois dias com sol para aproveitar. Temos que ir experimentar a bicicleta nova e a trotinete, e deixá-las correr e brincar, aproveitá-las, estão cada vez mais queridas e eu que me queixo constantemente da velocidade a que o tempo corre, tenho que saber geri-lo bem, agora mais do que nunca. 

[Entretanto mudei de faixa. Música orquestrada deixa-me sempre uma sensação boa de paz e de força. No fim do dia terei tudo pronto, prometo.]

quinta-feira, 4 de junho de 2015

[a festa de anos]

Estivemos até à última na indecisão de fazer a festa de aniversário da Bárbara ao ar livre, no parque da Lavandeira. Sempre gostamos deste lugar. Há alguns anos que tentamos festejar aqui, mas por uma razão ou por outra nunca foi possível. É perfeito. Tem muito espaço para piqueniques, muita sombra, uma esplanada deliciosa, um lago, um parque infantil, e uma zona relvada enorme para estender mantas ou fazer jogos. 
Este ano foi o tempo que nos fez hesitar. Ainda assim, na véspera fomos lá de manhã para fazer um reconhecimento. Escolher uma boa mesa, pensar em como íamos organizar alguns metros quadrados, para decorar, para acolher os convidados e poder ter os miúdos a brincar à volta e em segurança.

Gostava de ter mais e melhores registos. Enquanto espero pelas fotografias tiradas por familiares e amigos, deixo aqui algumas captadas com o meu iphone. 

A Bárbara pediu-me uma festa da Minnie e eu resolvi dar-lhe um twist mais gracioso e menos disney. Não quero que as festas de anos sejam muito centradas no tema, embora o facto de haver um ajude imenso na escolha das cores e dos elementos. É um bom ponto de partida, um óptimo fio condutor. 
A regra foi keep it simple. Comprei os balões e os pompons numa lojinha castiça de artigos de festa. Escolhi noutra loja cartolinas com padrões variados, mas com as mesmas cores, para fazer as bandeirolas [a grande e a do bolo] e as rosáceas dos palitos que a minha amiga S. cortou.
Usámos as árvores para decorar com tudo isto, o efeito foi muito engraçado. E acabou por ajudar os convidados a localizarem o nosso sítio mais facilmente. 
Para a decoração escolhi porta-velas, flores secas, jarras e molduras que tinha em casa. 

O menu foi simples. Com os anos fui percebendo que desperdiçava muita comida, e também percebi do que é que as pessoas gostam mais. O top de sempre são as pipocas e batatas fritas que costumo dispor em copos individuais para os miúdos, para poderem ir reabastecendo. 
O bolo foi feito por mim. Não tenho grande jeito e dá-me medo, sobretudo a finalização. Mas mais uma vez, decidi arriscar e não me saí assim tão mal. Fiz um bolo de chocolate com recheio e cobertura de queijo creme, manteiga e açúcar em pó. Ao recheio acrescentei morangos.  A cobertura rachou, talvez por esta mistura ser mais seca do que a de natas batidas.

A Bárbara ficou radiante, divertiu-se tanto e brincou tanto, que no fim do dia deixou a água do banho preta. E essa foi a melhor recompensa.
O tempo acabou por ajudar. O dia esteve bom, solarengo, com algum vento mas nada de impeditivo de estar confortável, pelo menos para quem se lembrou de ir agasalhado. E tirando isso, não podia ter corrido melhor. A festa da Minnie foi simples, bonita e exactamente o que tinha idealizado.
The end. Happy end.