quinta-feira, 25 de junho de 2015

[estes dias]

Se comparar o meu estado de espírito actual com o de há alguns meses atrás, parece que me saíram duas toneladas de cima dos ombros. Foram-se as febres, as tosses, os narizes entupidos, graças aos céus. Ao arrumar a caixa dos medicamentos pareceu-me incrível e horrível que as pequenas tivessem tomado tudo aquilo este inverno. E nem nós escapámos, o que tornou tudo mais difícil.

Com tudo isso, e ao ter que pôr tanto trabalho e tantas coisas em dia, a energia nem sempre chega para me sentar a escrever e isso faz-me muita falta, mais do que alguma vez poderia imaginar.
A Bárbara fez 4 anos, a Teresa começou a andar e eu andei simultaneamente em êxtase, por elas, e em angústia, por mim. É bom vê-las crescer, é maravilhoso, mas não consigo deixar de me sentir nostálgica sempre que guardo um par de sapatos que deixou de servir, sempre que lhes percebo mais um sinal de independência. A Bárbara lava os dentes sozinha e já quase não precisa de mim para finalizar, vou ver e estão impecáveis. A Teresa também já bebe o leite sozinha, pelo menos de manhã. Recosto-a no sofá, dou-lhe o biberão e ela despacha-o enquanto eu me visto ou trato de outra coisa qualquer.

Estão crescidas, brincam muito pela casa, riem, cantam, dançam, a Teresa fala na sua própria linguagem, a Bárbara faz perguntas giríssimas, é uma casa cheia. E quando elas não estão... que vazia fica.

Os momentos mais duros continuam a ser os finais de dia de semana. Quando me sinto cheia de saudades e tenho que ir para a cozinha preparar o jantar em vez de brincar com elas, e quando finalmente nos sentamos à mesa e elas estão simplesmente exaustas e já só gritam, protestam e fazem asneiras. Depois de as deitarmos, o que pode demorar meia hora ou duas horas, estamos nós agastados e tensos, às vezes ainda sem jantar.
Para piorar, as noites mal dormidas. Se a Teresa acorda, normalmente demora duas ou três horas até que adormeça novamente e isto pode acontecer várias noites seguidas. Não adianta se lhe pegamos ao colo, se a embalamos, se lhe damos biberão, se tentamos adormecê-la na sua cama, se a levamos para a nossa cama, nada resolve se ela não estiver para aí virada.
Outras vezes, nas suas fases mais inseguras é a Bárbara que acorda e vai chamar-me ao quarto, ou porque quer água, ou porque fez um dói-dói e não consegue esquecer, ou porque tem medo dos monstros. Não raramente a Teresa acaba por acordar com o barulho, fico sem saber se dormiria a noite toda, provavelmente não. Às tantas andamos ali às voltas, já muito resmungões, sem conseguir acalmá-las e a tentar lidar com a nossa própria birra de sono. É desesperante.

Apesar disso, e por muito que este sentimento de frustração se instale por vezes com uma força incrível e faz com que tudo pareça pior do que é, observo-as e sei que estamos a sair-nos bem. As miúdas andam felizes e cuidadas. Quando estou mais descansada, sei que não podemos esperar destes tempos muita tranquilidade e calma, não concebo sequer que não damos senão o nosso melhor, e analisando bem as coisas, até temos sorte com os nossos horários, temos algum tempo de qualidade, podemos ser nós a dar-lhes banho, o jantar e a brincar com elas e a deitá-las depois da história.
Por muito que o descanso nos faça falta e nos tolde a visão, há uma coisa que já disse e volto a afirmar com toda a certeza: não trocaria isto por nada. A minha família é a minha vida. E eu sou parte da vida da minha família. Há lá coisa mais maravilhosa?


2 comentários :

  1. Porvavelmente, o que vou dizer pode não ser minimamente viável, mas cá vai à mesma: como sabes, também trabalho a tempo inteiro, estou a fazer tese de doutoramento e tenho 3 crianças em casa. E não quero andar a arrastar-me, por isso NÃO FAÇO JANTARES. Não dá. E assim consigo ter muito mais tempo de qualidade com os miúdos todos. Porque eles só nos aparecem ao final da tarde, e eu não me vou enfiar na cozinha, no way! Soluções: fazes no fim-de-semana uma data de comida, para aí 3 pratos diferentes e vai-se reciclando. Empregada presumo estar fora de questão. Não é barato, embora eu prefira fazer o sacrifício e pagar 3 dias para ter qualidade de vida e não me preocupar com roupas, limpezas e cozinhados. Corto noutras coisas, mas ganho em qualidade de vida. Isso, porém, é uma opção muito pessoal... De qualquer forma, acho que te estás a desgastar imenso ao cozinhar TODOS OS DIAS! No tempo das mães que não trabalhavam era viável. Hoje, temos de optar por outras soluções... desculpa estar a meter-me, mas de facto faz-me confusão a tua descrição do dia-a-dia. Assim ninguém aguenta...

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    1. O que me sugeres, não só faz todo o sentido como é o que tento fazer, ou melhor, não fazer: jantares todos os dias. Infelizmente nem o tempo ao fim-de-semana tem chegado e isso é algo que vai ter que levar uma volta muito grande. Às vezes acho que estamos em todas, família, amigos e um tempo em casa a preparar a semana é fundamental. Empregada. Caramba, é o que mais quero, mas (ainda) não é possível. E resolver estes dois "problemas" já seria um grande avanço. Obrigada por te meteres :) para isso é que este blog serve.

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