Assim têm sido as minhas segundas-feiras. Começa a haver aqui um padrão. A começar mais tarde, mais apressada, nem sempre com o aspecto que quero ter. Adoraria começar a semana com um cabelo impecável, a pele e o olhar descansado, uma roupa bem escolhida. Mas estou tão ao contrário. Cabelo escorrido, com olheiras, sem maquilhagem. Vesti a t-shirt mais macia que encontrei e pus um lenço ao pescoço, para parecer menos desleixada. Faz-me falta o sono, que ficou em défice porque andei a levantar-me de hora a hora, ora por causa de uma filha, ora por causa de outra. Há noites assim. O que me custa, hoje em particular, é ter que ignorar que os olhos pesam, que a cabeça dói, ter que trabalhar a todo o vapor, a riscar itens da lista. Esquecer tudo, e por umas horas pensar só em linhas, planos, cortes, cotas, legendas e impressões.
Especialmente em dias como este tem ajudado planear a semana, organizar o calendário e fazer listas de prioridades. Mas isso por um lado também me desassossega. Quando é que vou ter mais tempo, como vou encaixar tantas coisas? E quando é que este trabalho vai compensar? Tenho pensado muito no meu futuro, sobretudo no profissional. Mas hoje, esta semana, não terei tempo para me questionar.
E hoje, só por hoje, vou buscar o almoço e comer aqui, sentada à secretária. Faltam-me fotos delas, penso. A Teresinha começou a gatinhar esta semana e a Bárbara está a entrar na idade dos porquês, o Daniel está a trabalhar em pleno. Penso muito neles quando estou aqui e tenho muitas saudades. Mas prefiro assim, e os reencontros ao fim do dia são muito bons, mesmo que apressados e mergulhados nas rotinas, mesmo que depois nem me demore 5 minutos no sofá antes de me deitar, mesmo que só falemos um pouco, alguns minutos antes de apagar a luz. Gosto desta nossa vida, mesmo que ainda a sinta tosca, mesmo que ainda me faltem coisas, mas são essas coisas que me fazem lutar e sonhar. O importante eu já tenho e isso eu já agarrei e já deixei que se instalasse.
As segundas-feiras nem sempre começam bem e hoje de certeza não é um dia em que me sinto poderosa. Mas estou grata por elas e quero muitas, ainda que sejam arrastadas e difíceis. São sempre recomeços e novas oportunidades e enquanto as houver, está tudo bem.