Tenho dedicado uma boa parte do meu tempo a cuidar do meu portfólio e do meu currículo, de reunir em poucos sítios todo o meu trabalho, ter uma perspectiva do que já fiz, do que posso melhorar. Tenho uma baixa auto-estima incrível relativamente a isto, acho sempre que ainda não fiz nada de jeito.
E sempre me preocupei em separar o meu lado pessoal do profissional, quando isso não faz sentido nenhum, porque sendo eu uma criativa, tudo o que eu absorvo se reflecte no meu trabalho, nas minhas ideias. E sempre tive muito pudor em assumir perante mim própria e perante os outros aquilo que gosto, que admiro, o que me move. E isso não me parece nada sincero, nem construtivo. Sou como sou. Sou muitas numa só. Arquitecta, designer, mulher, mãe. E tanto gosto do Requiem de Dvorak como da Lana del Rey. Não me posso reduzir a esta insignificância que tem sido a minha vida, neste sentido, claro. Assim também se cresce, ao assumir as nossas escolhas e tomar a responsabilidade por elas. E por isso, é com alguma "dor", mas também com muita satisfação que vou reunindo os pedacinhos do meu trabalho e percebendo que está ali algo de que me posso orgulhar, tão simplesmente porque foi o melhor que soube fazer e porque fiz sempre o melhor que pude.
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