A campainha tocou há pouco, e pelo intercomunicador, uma rapariga falou, directa ao assunto. Vendia anjinhos, para angariar dinheiro para uma menina com leucemia. Dois euros os mais pequenos, dois euros e meio pelos maiores. Pedi-lhe que esperasse e fui à carteira buscar dinheiro. Depois fui à porta. Escolhi o mais pequeno, paguei como se tivesse comprado o grande e a rapariga agradeceu. E disse-me: dá para pintar. E eu agradeci. E não perguntei mais nada, porque pelo receptor do intercomunicador da bebé, ouvi-a chorar. Deve ter acordado com a campainha. Fui a correr para cima, para o pé dela. Estava de olho bem aberto e sorriu-me. Ao sorrir, a chupeta caiu-lhe da boca e ela sorriu ainda mais. E eu, de repente, fui apanhada por um nó na garganta, e uma comoção muito grande.
É que, sem saber se é verdade ou se é mentira, fiquei em sofrimento. Com um medo tamanho de perder as pessoas mais preciosas da minha vida.
Fiquei com pena de não ter falado mais com a rapariga. Fui apanhada de surpresa e acho que nem tive muita coragem de lhe perguntar o que quer que fosse. Com medo do que iria ouvir. Lamento não lhe ter dado ao menos uma palavra de alento.
E no fundo, fiquei a desejar que não haja mesmo uma criança a lutar pela vida, que esta história seja mentira. Eu não me importaria pelo dinheiro. Acreditem que não.
Nem sei o que dizer... mas são essas pequenas coisas que às vezes nos fazem reflectir...
ResponderEliminarBj*
Como eu percebo...
ResponderEliminarDesde que o meu pequeno nasceu sinto todos os sentimentos à flor da pele e já tive que disfarçar várias vezes as lágrimas ao ver crianças que não têm a mesma saúde e já tive que respirar fundo várias vezes para não ter uma palavra indelicada com um pai ou uma mãe que se excedem nas repreensões...
Tudo nos dói mais, porque o nosso amor conheceu dimensões inimagináveis...
Revejo-me em muito do que escreves.
Beijinhos da Ana (amiga da Andreia Rodrigues)
Tany, e de que maneira.
ResponderEliminarAna, a Andreia já me tinha dito que passavas aqui, ainda não tinha tido a oportunidade de te agradecer pelas coisas simpáticas que disseste.
E sim, é verdade o que dizes. Se antes de ser mãe já algumas situações me incomodam, agora então... Olho para a minha filha, que julgo ser uma criança feliz, e penso que todas deveriam ser assim. Nenhuma criança deveria sofrer. Simplesmente não é justo.
Beijinhos