Quando a Teresinha nasceu, havia muita coisa para gerir: duas filhas, uma casa que nunca foi muito organizada, muita roupa, as minhas próprias emoções e a dificuldade em aceitar que só o tempo traria alguma calma e tranquilidade à nossa casa.
O que todos me diziam foi o que se tem verificado, as coisas melhoram. As rotinas estão instaladas, sabemos que há noites mal dormidas sempre que se atinge uma etapa nova, sempre que há um dente ou uma conquista significativa, como gatinhar. Penso que na teoria sabemos muitas coisas. Sabemos quantas horas a Bárbara precisa de dormir para andar tranquila e bem disposta. E a que horas temos que acordar para que de manhã não haja grandes dramas. Que é mais fácil se tudo for preparado no dia anterior, que devemos ir arrumando à medida que desarrumamos. Que não pode passar um dia sem fazermos uma máquina de roupa. Que meia hora a dar um jeito à casa é precioso para a desarrumação não se instalar. Que planear refeições e compras é poupar [tempo, dinheiro e chatices]. Que devíamos ter uns fins-de-semana mais tranquilos e caseiros, para nosso bem, das miúdas e da nossa casa. Tantas coisas. Não sou metódica nem organizada e convivo muito mal com esta minha inabilidade. É uma luta que travo há muito tempo e a vários níveis. E se sinto alguma culpa como mãe, é neste aspecto, porque esta falta de organização rouba-me tempo. De levar as miúdas mais cedo para casa, dar-lhes banho e jantar, brincar com elas, dar-lhes tempo para se ligarem, para estarem em casa. À Bárbara sinto que lhe estou sempre a cortar o barato. Como o tempo é pouco, interrompo-lhe as brincadeiras mais vezes do que gostaria, ou porque tem que ir jantar, ou vestir o pijama, ou lavar os dentes, ou dormir. É cruel. Há um mínimo. E este é apenas um dos danos colaterais.
Gostava de ser capaz de criar mais constância na nossa vida. Mas o meu perfeccionismo é quase incapacitante, comigo é tudo ou nada e ou levo tudo à frente ou deixo que o cansaço me vença, dia após dia, noite após noite. Passo a vida numa luta que é inglória, mas sei que tudo pode ser mais fácil. Se ao menos eu abraçasse a mudança. O que a vida me dá. E a mim própria, com tudo o que eu sou, posso ser e tenho para dar.
Olá S.,
ResponderEliminarConheci o teu blogue através do blogue da Ana Maldivas.
Decidi visitar-te e gostei do que li. Já cá estou para te seguir.
Também estou a braços com este problema. Sou mãe de um menino de 3 anos e estou grávida de 16 semanas. E se há coisa que me deixa particularmente preocupada é precisamente as rotinas e a fase de habituação até adaptar-me a uma.
No meu caso vai ser um pouco mais complicado. O meu marido trabalha no estrangeiro e eu em breve vou regressar a Portugal para ter o bebé (definitivamente não quero que nasça aqui em Moçambique). Por isso vou ficar sozinha com dois, sem ajuda do marido. Estou com algum receio de não aguentar, mas quero acreditar que ha-de correr tudo bem.
Beijinhos
Olá Rita,
ResponderEliminarBem vinda! Também lia o teu blog :)
Antes de mais, parabéns pela gravidez! Eu arrisco dizer que sim, vais aguentar. Não tenho sombra de dúvida! Acho que vamos sempre buscar mais um bocadinho de força, nunca desistimos!
Ser mãe de dois é tramado, não te vou negar. Eu sou a desorganização em pessoa e convivo mal com isso, atrapalha-me. Tive (e tenho) que me forçar a não ser tão exigente e a convencer-me de que faço o melhor que posso. As rotinas, essas foram-se encaixando, há que experimentar, às vezes até voltar atrás, mas vão fluindo. Eu andei assim às apalpadelas com horas de banho e assim, até que percebi qual era a melhor hora. Normalmente era depois de a Bárbara dormir, quando a casa já estava em silêncio. Quanto àquela adaptação de ciúmes, um ser novo na casa, não é fácil, mas é normal e acho até salutar que a criança mais velha reivindique o seu lugar. No nosso caso envolvemos a Bárbara o mais possível: ela ajudava a mudar as fraldas, a dar a chupeta, pedia-lhe pequenos favores relacionados com a irmã para que se sentisse incluída e segura do seu lugar. Nunca lhe pedia para se afastar, nem lhe negava colo. E tentei não perturbar as rotinas dela, a única coisa que mudou é que era passou a ser o pai a deitá-la sempre, quando normalmente era eu.
Quanto a estares sozinha bem... se com os dois é dose, nem sei como será sozinha. O conselho que tenho para ti é: delega. Em amigos, familiares. Que te façam umas compras, o jantar, peguem no bebé para poderes dormir.
Uma coisa é certa, vai correr bem. Acredita que sim. :)
Beijinhos
Linda... Estou contigo... Revi-me em cada palavra... E sim... Só o tempo vai melhorar esta sensação ingrata... Força!!! <3
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