Passar uns dias fora este ano era um desejo, mas com o nascimento da Teresinha e com demasiadas incertezas, não fizemos planos. O tempo não se recomenda, por isso vamos passeando, convivendo com amigos e família, descobrindo sítios novos ao nosso ritmo, à nossa vontade.
Um destes dias fomos até ao Douro matar saudades e mostrá-lo às nossas filhas. [Há 4 anos fugimos para lá, literalmente, por um pouco de sossego, um mês ou dois antes de ficar grávida da Bárbara. Ficámos num quarto lindo sem televisão, decorado de forma simples e romântica, e com a vista mais maravilhosa: as montanhas altas, ondeadas, os socalcos, as vinhas, o rio, as quintas. Maravilhoso.
Não chegámos cedo, a nossa vontade era de ficar, dar entrada num hotel e passar a noite para aproveitar um pouco mais. Mas com duas crianças pequenas a improvisação tem limites.
Voltámos então por estes dias, a um Douro não tão profundo mas igualmente apaixonante. Demorei um dia inteiro a preparar malas para duas noites e fomos, iludidos pela ideia de descanso e de paz, mas foi a última coisa que tivemos. Num dos almoços no hotel, o Daniel interrompeu a refeição para ir mudar a fralda à bebé e a Bárbara quis ir com eles. Fiquei sozinha durante 10 minutos, em silêncio, na sala quase deserta, garfada atrás de garfada, limpava a boca, bebia água. Sem interrupções, sem mandar sentar, sem apanhar brinquedos do chão. Foi então que percebi duas coisas. Faz-me [nos] falta tempo assim, a sós ou a dois, mesmo sabendo que não vamos falar de outra coisa senão delas e que vamos morrer de saudades. A outra coisa é que fazemos isto agora por elas, o importante é que elas usufruam, se divirtam, brinquem e riam, mesmo que isso implique sacrificar o descanso. Vê-las felizes, em constante exploração e descoberta, é tão compensador.
O regresso foi doce e a Bárbara não poderia ter expressado melhor aquilo que também nós sentimos: "Mamã, eu adoro a minha casa".
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