Acho que em todas as casas, sobretudo aquelas onde há filhos pequenos existem destes dramas, as noites sem dormir. Esta noite foi uma verdadeira slumber party. A Teresa quis mamar de três em três horas, coisa que não acontecia desde que ela tinha um mês. Eu tive a brilhante ideia de ir ao ginásio à noite, muito em cima da hora de deitar e isso costuma afectar o meu descanso. E afectou. A Bárbara acordou com fome, com vontade de conversar e foram duas horas até que voltasse a adormecer, e isto tem-se repetido nas últimas semanas. E é-de-loucos.
Muitas vezes me perguntam como é que ela reage à irmã e eu digo que reage bem. É para mim a resposta mais fácil, a mais sucinta, a mais desejável. Na verdade a Bárbara gosta da irmã, é meiga e cuidadosa. Mas também é sensível e percebe, e muito mais agora que tem ficado em casa, o tempo que dedico a cuidar da irmã, mesmo que a envolva muitas vezes nesses cuidados. Julgo que dentro dela há muitas preocupações, se ainda é pequenina, se é crescida, se mantém o seu lugar, se continua a ser especial. Sinto que estas insónias, que se têm repetido mais do que o desejável, não têm a ver com as maleitas que tem sofrido, mas sim com o medo e a insegurança que sente pelo aumento da família. Dormir é, como diz o Dr. Mário Cordeiro, deixar de estar a par das situações, deixar de ter controlo sobre o que se passa. Ela acorda e quer comer e quer falar e isso para mim diz muito. Ela não quer desligar.
A par desta análise vem sempre a grande dúvida. Estamos a proceder bem? Penso em mil e uma formas de minimizar o impacto que a irmã mais nova causou, mas não será apenas uma questão de deixar correr naturalmente, deixá-la digerir esta nova situação e sentir com o tempo que é e há-de ser sempre especial?
Mandar a culpa às urtigas, acabar com o sentimento de que se tem de eliminar toda e qualquer angústia que os nossos filhos possam sentir e perceber que todos estes processos são naturais e até desejáveis. Aceitar que os primeiros tempos de alguma coisa são sempre instáveis, mas é a forma como os acolhemos que vai determinar o futuro. Dar tempo ao tempo. E confiar na vida. Isso é o mais difícil, mas tenho a certeza que será de longe, o mais gratificante.
O período de adaptação (seja ao que for) é sempre cheio de turbulência. Mas acaba. Novas fases virão, umas calmas outras igualmente "intensas", mas vale sempre a pena!
ResponderEliminarA Inês nunca teve ciúmes da irmã em bebé mas tem muitos agora, imagina. Há dias em que disputam a minha atenção de tal forma que fico completamente KO, se pudesse fugia. Mete gritos, choros, uma confusão que não se aguenta. Nem consigo ter uma conversa tranquila de mais de dois minutos com uma delas sem que a outra interrompa e de alguma forma exija a atenção para ela.
Já desisti de sentir culpa. Adoro-as, dou o meu melhor, tento arranjar um bocadinho sozinha com cada uma de vez em quando e todos os dias prometo a mim mesma: amanhã vais ter mais paciência, nem que seja só mais um bocadinho que hoje...
Oh linda...a minha Rita ainda não nasceu e eu já tenho todas essas dúvidas...acho que nos primeiros tempos nos sentimos como num acampamento! Nós adaptamo-nos a tudo! O que não quer dizer que essa adaptação seja tarefa fácil...confia ti, nos teus instintos de excelente mãe que és!bj
ResponderEliminarSe te descansa, por aqui foi igual... o Diogo passou pela fase de acordar 3 e 4 vezes por noite, chamava-me e voltava a adormecer. Estas pequenas pessoas sentem muito mais além do que sabemos e, não sabendo como expressar em palavras, porque ainda não sabem dar nome áquilo que sentem, expressam em actos, em despertares nocturnos, em birras, em agressividade, em choraminguisse... A culpa cai-nos como um martelo na cabeça, mas depois vem a razão e os dias que nos mostram que há poucos presnetes melhores do que um irmão.
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