Se o meu avô fosse vivo faria hoje 87 anos. Há quase 9 recebi um telefonema da minha mãe, que me disse com todo o cuidado que conseguiu ter: "o avô morreu". Não chorei logo, não acreditei. Depois pensei no seu sorriso, nunca mais iria vê-lo, e na voz, a voz rouca e baixinha. E percebi que nunca mais voltaria a ouvi-la. Nunca mais ele ia aquecer-me as mãos com as suas mãos, com o seu hálito. Nunca mais me iria dizer que o amigo dele, o que era artista, não tinha dinheiro para comprar meias. E pensei, o meu avô era a primeira pessoa verdadeiramente importante que me morria.
Desde esse dia nunca mais parei de ter saudades dele, de pensar como seria se ele tivesse conhecido as minhas filhas. Ele ia gostar tanto delas, mimá-las tanto.
Hoje, no aniversário do seu nascimento lembro-me da última vez que lhe cantámos os parabéns, em como se emocionou. Como se soubesse. E se calhar sabia. Eu é que nunca imaginei.
Hoje, no aniversário do seu nascimento lembro-me da última vez que lhe cantámos os parabéns, em como se emocionou. Como se soubesse. E se calhar sabia. Eu é que nunca imaginei.
Parabéns avô. Olha por nós, daí do céu.