quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Nas últimas semanas a frase que mais tenho ouvido é "que tenhas uma hora pequenina!", expressão que desconhecia totalmente até entrar no mundo da maternidade. 
No último fim-de-semana estive numa festa de anos em que a grande maioria das pessoas só voltarei a ver a) nas próximas semanas b) nos próximos meses, e por isso toda a gente me desejou a tal hora pequena, um parto santo, que corra tudo pelo melhor. Apercebi-me então de que tenho medo, estou ansiosa. De tudo, do parto, do pós- parto, do que poderei sentir física e psicologicamente. Lembro-me que senti isto da primeira vez, mas as aulas de preparação para o parto e as conversas com a enfermeira Júlia ajudaram-me a relaxar. Sinto que fui muito bem preparada. E acho que tudo ajudou, acho que correu bem. Continua a correr. Mas eu tenho sempre medo. As pessoas dizem-me muitas vezes que eu sou tão calma, não me esforço por passar essa imagem, mas a verdade é que a passo e não corresponde ao que realmente sinto, nem ao que realmente sou. E eu tenho medo. Tenho dúvidas, medos, muitos deles muito parvos, que guardo só para mim. E tenho a certeza que esta ansiedade que sinto é mais do que legítima, é mais do que normal. As pessoas lidam mal quando lhes dizemos que temos medo, porque acham (e nós também) que vamos ser engolidos por ele, e consequentemente ficar incapacitados, amputados.

Mas também não é mentira que me surpreendo com a forma como acabo por lidar com as coisas, que consigo encontrar muita força nas adversidades, certezas no meio das dúvidas, paz de espírito no meio do caos. Gosto deste meu lado e quero ter mais noção de que o possuo. E cada vez mais sei que ele não existiria se eu não sentisse medo. Quase que não o podemos dizer. Que disparate. Mas eu sinto-me mais forte de cada vez que tenho a coragem de o aceitar. Tenho medo porque daqui a dias vou estar numa sala de partos. Tenho medo do momento em que me aperceber que está na hora, em que terei que agarrar nas malas e ir para a maternidade. Tenho medo pela minha pequena Teresa, quero que nasça bem, mas tenho medo pela Bárbara que fica, do que poderá sentir, de os meus braços lhe falharem.

Depois penso e se correr bem? E depois penso em dias de sol. E em sermos quatro. Em sorrisos. Em primeiras vezes, all over again. E é assim que a calma vem, e a certeza dos dias tramados, e o optimismo dos dias tranquilos, e isto tudo é correr bem. Isto tudo é o normal dos dias, da vida e da realidade que estou prestes a viver. 


1 comentário :

  1. Desejar e recear são duas faces da mesma moeda... E ter um filho, convenhamos, é uma mega-aventura! Há-de tudo correr bem. Muitas felicidades! E, já agora, muitos parabéns pelo blogue. É lindo e mostra uma escrita escorreita.
    Um beijinho da
    Miú
    PS - Seguimo-nos? (A minha filha mais velha diria: "Queres ser minha amiga"? :D)

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