quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Dores de crescimento

"Quem ama educa". Não sei quem foi o autor desta expressão, se é que houve um. Mas é verdade, quem ama educa, quem ama cuida, quem ama protege. Educar é proteger, porque é cuidar. Isto de cuidar de uma criança não é fácil. Não há direito a descanso, nem tréguas. Assim como não paramos nunca de amar.
E agora que resolvemos dar mais um passo, estamos aqui, como sentinelas, anjos da guarda. Como pais. O passo é tão simples e tão complicado. Tirar a chupeta. A pacificadora. Parece tão cruel. Mas é tão necessário. E decidimos que era agora, tinha mesmo que ser agora. No início parecia ser mais fácil. "Filha, vês, agora já não doem os dentinhos." Mas não houve um encerrar, um ritual. Simplesmente as chupetas saíram de cena, covardes. E a Bárbara continua a perguntar por elas. Demora muito tempo a adormecer e fica carente, muito carente na hora de dormir. Quer abraços, quer colo, quer água, quer xixi, quer mão, quer que me deite ao pé dela, "não vás embora, mamã". E eu vacilo, quase que abro a gaveta e escolho a chucha preferida dela. Decidimos que este fim-de-semana vamos tentar que ela as ofereça (a uma árvore, aos patinhos, aos meninos perdidos do conto do Peter Pan?), que se despeça. A mim custa-me pensar nisto, eu que deixei a chupeta tão tarde.
E entretanto vamos lidando com birras, muitas, e às vezes ficamos esmorecidos. Outras vezes acontecem coisas como o pai pôr a Bárbara de castigo e ela chorar desalmadamente, mas depois passar àquele chorinho mimalho, e eu desatar a rir do outro lado da casa, riso de descompressão. O meu amor pequenino. Mas depois vemo-la mais tranquila, mais cuidada, pronta para fazer aquilo a que se recusava. Amar é cuidar, cuidar é proteger. Cuidamos, protegemos, educamos. É uma doce, ao mesmo tempo árdua, por vezes ingrata missão, esta. Mas a melhor de todas, porque tudo isto é amor.

3 comentários :

  1. Nestas coisas há um tempo certo que é o deles. Eles deixam as fraldas, a chucha, o biberão e por aí fora quando não sentem que querem mais. O meu mais velho deixou a chucha aos 4 anos. Assim como eu. E ele viu-me deitá-la fora, em troca de um brinquedo que queria muito. E não voltou a perguntar por ela. Estava preparado e seguro. Por isso, deixei de me preocupar demasiado com estas coisas. O do meio ainda usa fraldas e parece-me que ainda vai demorar a tirá-las. Mas chegará o momento dele, não vai usar fraldas toda a vida :) Acho que devias descontrair em relação à chucha. Afinal vem aí uma bebé que à partida também terá chucha ;)

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  2. Tens razão no que dizes e é assim que temos feito. A Bárbara deixou as fraldas quando ficou pronta, deixámos de lhe dar o biberão quando começou a preferir beber o leite por um copo. No caso da chupeta, sabemos que vai haver recaída por causa da irmãzinha que aí vem, mas entretanto estava a acordar de manhã e da sesta a queixar-se que lhe doíam os dentes e custava-lhe trincar uma bolacha, por exemplo. Falei com a médica que aconselhou apressar a retirada da chupeta e a verdade é que ela nunca mais se queixou dos dentes.
    Foi unicamente essa a razão. :)

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  3. Amar é cuidar, é ensinar, é proteger e é dar um empurrão nas costas para que consigam dar um passo em frente. sabemos todas tão bem isto tudo, mas devíamos andar com isto escrito num post it, em frente aos nossos olhos, para que nunca sentíssemos dúvidas nos nossos actos!
    (por estes lados começamos a preparar a entrega da chupeta para o Natal... a ver vamos)

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