B.

Esta miúda está cada vez mais independente. Tem dias em que nem o biberão quer que seja dado por mim. Quer calçar os sapatos, comer, beber sozinha. Já fui dar com ela toda esparramada no sofá a ver a Porquinha Peppa, em vez de se sentar no banquinho como habitualmente faz. Já pede (raramente) para dormir. Prefere bodies às camisolas interiores, os sapatos verdes aos azuis, os desenhos aos bonecos. Pede para ir ver o mar, pede água e pede perfeitamente. Não passou pelo "auga", nem "ága", passou de um som que fazia, aquele "aaaaah" de quem sacia a sede a "água" dito com todas as letras.

Gosta de rotinas, de chegar a casa. Gosta de estar em casa. 

Está uma marota, na plena fase da omnipotência, exige em vez de pedir. Quer tudo e quer logo. Quando entramos naquelas lutas de titãs, aquelas que nós os pais não podemos perder, cai o Carmo e a Trindade, mas segue-se uma calma boa, com limites bem definidos e pontos bem assentes. Às vezes os dias são tramados e a nossa menina pequenina parece um diabinho exigente. Outros dias correm sobre rodas, tudo se conjuga muito bem, rimos às gargalhadas com coisas insignificantes, damos "group hugs" antes de dormir, para ela se esquecer do iPad com o Toca Boca. 

As noites têm sido tão estáveis, tão inteiras e quase todas tão bem dormidas, que já se aceitam bem melhor as que não são, as que são perturbadas por febres ou sonhos maus. Nem sempre tem bom acordar e nestes dias sai ao pai. Quando tem, sai à mãe.

Está linda, uma princesinha, de feições delicadas e jeitinhos tão de menina. Quando se levanta para vir ter connosco faz um ligeiro encolher de ombros e caminha ligeira, meio a olhar para o chão, meio a olhar para nós.

O tempo escorre-nos das mãos tão depressa, que acho que é porque tem sido tão bom. Quisera eu uma memória aumentada, para nunca esquecer todas as peripécias que vão acontecendo, todos os tiny pormenores da nossa tão doce, e espero, longa caminhada.

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