Costumo dizer muitas vezes que se não nascesse nesta era seria muito infeliz. Adoro as novas tecnologias, a internet e o wifi, a possibilidade de estar sempre ligada, de poder fazer tudo sem fios.
Gosto da forma como a informação flui e se troca, de como se criam movimentos. Das infinitas possibilidades, de conhecer sites e blogs novos quase todos os dias.
Eu, como muita gente, usufruo da informação a que tenho acesso como acho melhor, filtro o que não me interessa, elimino o que não me traz nada de bom, partilho o que me parece interessante. O que não gosto, o que me choca, oculto. É natural.
Por isso tenho muita dificuldade em entender tanta coisa que leio por aí. Sejam comentários parvos e cruéis em blogues, sejam reacções exacerbadas a assuntos mais polémicos ou sensíveis nas várias redes sociais, o que vejo é que há muito pouco espaço para a diferença e para a individualidade. Custa-me particularmente a condenação de mulheres para com outras mulheres. Caramba. O sucesso de uma mulher deveria ser uma inspiração para todas as outras. Mas não é.
Mães acusam outras mães. Aparece uma Carolina Patrocínio a mostrar o osso do peito e é crucificada no Instagram. Aparece uma Jessica Athayde a desfilar de bikini e mandam-na enterrar-se num buraco para nunca mais sair. Chateia-me isto, em que é ficamos? Beleza natural é que é? Ou afinal temos que nos recauchutar da cabeça aos pés? Ser Charlie é ser hipócrita? Beber sumos detox é estúpido, passar 21 dias sem ingerir açúcar refinado é exagerado, enaltecer os dias do pai, da mãe, dos avós, dos gatos siameses é irritante? Pelos vistos, porque chovem logo as sentenças. Ora, poupem-me. É proibido discordar? Não, mas com respeito, sem ironiazinhas. E não me venham dizer que quem anda à chuva molha-se. Não. Tem que haver cortesia, boa educação, respeito, civismo.
Pergunto-me se as pessoas são realmente assim. Em casa, nos empregos, entre amigos. Se são assim, intolerantes, fundamentalistas, se não têm filtros, se são assim, mal educadas e convencidas. Se são assim de facto, não me quero cruzar com elas, não as quero por perto. Ide apanhar ar, pessoas raivosas. Ide fazer ginástica, bebei um sumo verde. Ide fazer bebés. Ide ao psicólogo, ide ser felizes.
Deixem de chatear.