quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Ah!

Foi nestes novos dias que celebrámos o quarto ano de casados. Os quatro mais desafiantes, sem dúvida. Sempre fomos um casal muito calmeirão no que diz respeito a decisões importantes e grandes mudanças. Mas quando as fizemos foi em grande e das grandes. E porque a nossa vida levou (mais) esta grande reviravolta, o jantar fora a dois foi substituído por um na nossa sala de jantar, a quatro. O nosso passeio/copo/cinema esperará para o ano e o nosso serão passou-se a deitar as pequenas e depois aterrar exaustos (mas muito felizes!) no sofá.






quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

All about Teresa

Naquele dia acordei muito cedo e liguei à minha mãe para levar a Bárbara ao infantário. Ela tinha passado mal a noite e não tive coragem de a acordar para a deixar mais cedo e podermos estar na maternidade pelas 8h 30m. Íamos induzir o parto. Eu sentia um turbilhão de coisas. Queria muito não ter que induzir e que tudo corresse o mais normal e espontâneo possível. Mas sentia-me já muito cansada, com dores, pressões e o meu obstetra entendeu que não se esperaria mais. 
Foi uma longa quinta-feira, a dilatação avançou e parou, as contracções avançaram e pararam. Mas num par de horas, as últimas dessa quinta-feira, tudo aconteceu, na calma e no silêncio bom daquela ala da maternidade. É talvez aquilo que me causa mais doces memórias, a sucessão dos sons e dos acontecimentos. Da dormência da epidural surgiu a vontade de fazer força, e logo três parteiras me rodearam, e me disseram o que fazer com aquela serenidade delas. Puxei em silêncio, para que as pudesse ouvir muito bem, para ouvir tudo, sentir tudo. E foi assim, ainda em silêncio, aquele que antecede o som inigualável e glorioso do primeiro choro, que nasceu a Teresa.
"Foi um parto muito bonito", disseram-me. Eu também achei.
Por aqui vivem-se novos dias. 
Não difíceis mas desafiantes, curtos para o que precisava ou gostaria, intensos como seria de esperar, mas surpreendentemente tranquilos e doces. Nada de baby blues até agora. Alguma angústia com as birras intensas da Bárbara, com a sua nova desobediência, com a forma como nos desafia e com a minha não tão grande dose de paciência. 
Estamos encantados com a forma como recebeu a irmã mais nova. Com o sorriso mais terno, muitas festinhas e beijinhos. É protectora e cuidadora. Zela pela sua chupeta e gosta de ajudar na muda da fralda. Gosta de ver televisão com ela por perto. Mas tem ciúmes, já percebeu que a Teresinha veio para ficar e obviamente tem medo de perder o seu lugar. Mas todos os dias lhe dizemos que é especial e que o seu lugar está garantidíssimo. 
A Teresinha é um doce de bebé. Sou uma mãe muito animal, passo a vida a cheirá-la, a observá-la, a roçar a minha cara na dela, em adoração. E nesta altura não há muito mais a dizer, estamos apaixonados. Maravilhados. Perdidamente, para sempre, irremediavelmente perdidos de amor.






quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

*


Tenho saudades do ballet. Do cheiro da sala, do toque da barra. Do chão de linóleo onde os pés traçam os círculos perfeitos dos rond de jambe e lançam os battement en cloche. Das professoras que mostram passos irrepreensíveis, do pianista que toca ao nosso ritmo. Dos maillots pretos, bordeaux, verde seco, das sabrinas de lona, pele ou pontas. Das saias leves, algumas curtas de trespasse, ou compridas para os exames. Dos tubos de aquecimento, cortados nos calcanhares. Das vénias no final. Dos puxos no cabelo, do grande espelho. E do que sentia a dançar, de cada coreografia, exercício ou passo que ensaiei. 
E muitas saudades do que sentia quando entrava naquela sala. Felicidade, liberdade. Paz.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Teresinha report

Nunca vi CTG's mais planos do que o meu às 40 semanas. Há dilatação, mas mais nada. Há indução marcada para daqui a uns dias. Tinha aquela fantasia de que ontem é que ia ser. As expectativas lixam tudo, mas também rapidamente se vê o outro lado. Não era o dia, pronto. Eu continuo com aquele misto de uma nostalgia da gravidez e a ansiedade de conhecer a Teresa, conhecer-lhe o rosto, cheirá-la, ver com quem se parece. Se é cabeludinha como a irmã, se chora da mesma maneira. Por isso, só me resta esperar tranquilamente e saborear essa espera, saber que falta muito pouco, tão pouco para sermos mais.