domingo, 10 de agosto de 2014

síndrome dos SIMS desnaturados

Para quem conhece o jogo dos SIMS, imaginem o seguinte. Sabem quando um casal [de SIMS] vive na mesma casa e se apaixonam um pelo outro [no início do jogo e apesar de coabitarem é como se fossem estranhos] e depois perguntam-lhes se querem um bebé? Se a resposta for afirmativa, aparece lá uma pequena alcofa com um bebé para tratar. Sempre tive curiosidade para saber se aquele bebé eventualmente cresce, se terá nome e essas coisas. Mas nunca consegui ficar com ele. Era tal o frenesim de dar de comer, adormecer, brincar, etc., o bebé só chorava e os pobres dos pais não tinham tempo de responder a tudo. Acabava por vir a assistente social e levava o petiz. 
Cá em casa as coisas não são tão drásticas, mas é assim que me sinto, como um SIMS desaustinado. Passamos muitos dias em correria, a cruzarmo-nos por uma casa caótica a acorrer a todas as necessidades das nossas filhas, a tentar deixar pelo menos o básico feito. Tem dias em que nem à noite temos tréguas e o sossego já chega demasiado tarde e as manhãs começam invariavelmente cedo. Na maior parte das manhãs acordo com muitas dores nos ombros, nos pulsos, julgo ser da tensão em que durmo. Quando me levanto pareço uma mulher sob o  efeito do álcool. Na maior parte das noites deito-me ainda em estado de alerta. Só penso em tarefas e coisas que queria tanto ter feito e não fiz, sítios onde queria ter ido e não fui. 
Uma das coisas que mais me custa é ver o D. chegar do trabalho e não o deixar sentar 5 minutos. Ele entra e leva logo com uma filha nos braços, para que eu possa ao menos começar o jantar. 
Não sei como os outros conseguem, se passam pelo mesmo, se também sentem este esmagamento. Ouço muitas vezes que vai passar, que o tempo torna as coisas mais fáceis. Talvez. Eu queria-as mais fáceis já. Para aproveitar mais e melhor esta fase delas. São pequeninas, são surpreendentes, são tão deliciosas. E precisam tanto de nós. Mais do que a casa arrumada, ou de incontáveis brinquedos. 
A assistente social não vem cá a casa. Se viesse gostava que ma arrumasse, que passasse umas roupitas a ferro, e talvez o fizesse, talvez, se lhe pedisse com jeitinho.

4 comentários :

  1. Eu também sinto isso. A passagem de 1 filho para 2 fez-se notar muito lá em casa, essencialmente pelo primeiro. Porque na tentativa de a vida continuar o mais possível como era descuramos a arrumação, alguns horários (principalmente matinais), e algumas regras (acho que neste ponto estamos a errar redondamente). Odeio como deixo a casa quando saio, não me sento há meses sem fazer nada, e até já disse que o caos em que vivemos poderia assustar uma assistente social sem filhos. Mas, sim, acho que vai melhorar...

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  2. Eu joguei SIMS e os bebés cresciam e a família melhorava de ânimo e os pais conseguiam ter prémios no trabalho e os miúdos boas notas na escola... É só um jogo, mas estava tão bem feito que há alturas em que a ficção imita muito a realidade! Força que esta fase mais exigente há-de passar...

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  3. Eu, só como uma, também me senti muitas vezes assoberbada. Fui aprendendo a deixar as coisas fluirem, sem querer controlar tudo nem exigir perfeição.

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  4. A última frase é perfeita.
    Sim, é a loucura, sim é o caos, mas confirmo que com o tempo melhora. também senti o "esmagamento" mas em pequena dose porque sempre fui relaxada com arrumações (ou falta dela) e agora então nem se fala. É preciso estabelecer prioridades e entre um escritório sem papeladas e uns minutos de mimo e brincadeira nem há dúvida possível.

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